EXCLUSIVO! Como Jorge Gabriel e Sónia Araújo derrotaram Goucha e Maria em meio ano

Em seis meses, a Praça da Alegria empurrou o Você na TV! para o terceiro lugar e o futuro adivinha‑se risonho para a dupla das manhãs da RTP1. Já jogar pela liderança está, contudo, fora de questão.

21 Jul 2019 | 10:30
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Não faltou alegria no adeus ao estúdio de Jorge Gabriel e Sónia Araújo para as já habituais férias de verão. E os motivos para sorrir são de sobra. Em média, da primeira semana de janeiro para a última de junho, o programa das manhãs da RTP1 assinalou um aumento de 78 800 espectadores, um número considerável à escala do horário.

Vários fatores contribuíram para este acréscimo de audiência, sublinham os apresentadores à TV 7 Dias. A segunda edição do concurso de desgarradas Cantares ao Desafio, integrado no formato, é o mais notório. «Não imaginávamos o sucesso que isto ia ter. E já se fala numa terceira edição», talvez para setembro, faz saber Sónia Araújo, de 48 anos.

Já Jorge Gabriel, de 51, sugere que parte do êxito deste segmento está no facto de ter sido «uma alternativa àquilo que está disponível, àquela hora, na televisão». Ainda assim, alerta que esta rubrica não é «uma romagem da saudade». «Estamos única e exclusivamente a recordar a infância da maior parte de todos nós, em que íamos à terra e ouvíamos alguém com capacidade para cantar ao desafio, como fazem aqueles que mantêm viva esta tradição. No fundo, foi isso que levou a que tanta gente, de públicos tão diversos, gostasse dos Cantares ao Desafio», sintetiza.

 

«Fase ascendente não é de agora»

 

Ainda assim, tanto um como o outro estão de acordo quando defendem que a «fase ascendente» da Praça da Alegria «não é de agora». Teve início, sim, a 30 de outubro do ano passado, quando o programa regressou à antena da estação de cara lavada, com uma reformatação de conteúdos e um cenário mais amplo, que «convida a que haja mais abertura e mais hipóteses de criar outras situações».

José Fragoso, o diretor de programas da RTP1, afina pelo mesmo diapasão. «Lembro-me de que, quando regressei à RTP, fez agora um ano, duas das nossas primeiras preocupações foram a manhã e a tarde. Fomos os primeiros [N.R.: dos canais generalistas] a mexer na manhã, muito antes ainda das perspetivas de alteração que iam acontecer [N.R.: na TVI e na SIC, na sequência da saída de Cristina Ferreira do primeiro para o segundo canal]. Nós já sentíamos que era importante. A grelha de televisão é um efeito sustentável ao longo do dia, portanto, é preciso que haja sinais para os espectadores de que estamos a pensar neles. Os espectadores gostam de ver novidades», conta.

Confrontado com o aumento considerável de espectadores em apenas meio ano, José Fragoso sublinha, contudo, que sente que «esse efeito é até muito mais visível no prime time do que noutros horários», aludindo, por exemplo, às audiências que Vasco Palmeirim tem obtido à frente do concurso Joker.

O responsável pela programação da RTP não é capaz de negar, todavia, a importância que um acréscimo de quase 80 mil espectadores tem num horário como o da manhã. «Normalmente, o foco das televisões está na noite, mas, por razões que todos sabemos, neste último ano houve um foco muito maior no horário da manhã», sorri.

 

«Sabor especial»

 

É clara a referência ao combate que opõe Cristina Ferreira, na SIC, a Manuel Luís Goucha e Maria Cerqueira Gomes, na TVI. Estes últimos foram, entretanto, ultrapassados por Jorge Gabriel e Sónia Araújo no final da temporada da Praça da Alegria. Deixando escapar que sente um «sabor especial» por alcançar a vice‑liderança naquele horário, Fragoso prefere
a objetividade.

«A nossa perspetiva é sempre a do serviço público. Quem vir três horas da Praça da Alegria e três horas dos programas que estão, no mesmo horário, nos dois canais comerciais, vê que uma coisa não tem nada a ver com a outra», analisa, prosseguindo: «Eu pensava em ter mais audiência, sim. E também achava, e continuo a achar, que temos mais gente a ver a RTP quando se introduzem alterações nos programas que vão ao encontro do sentido de serviço público que a RTP deve ter, mas também do interesse do serviço do público que a RTP deve servir.»

Sónia Araújo concorda e recorda a maratona que é fazer programas diários. «Toda a gente sabe que o day time não se faz da noite para o dia. É uma coisa que dura anos. E nós já estamos cá há anos. Tudo leva tempo para se conquistar», afirma, referindo que as ofertas dos três canais «não são comparáveis» nem «nunca foram».

O mesmo sugere o parceiro: «Se está a resultar junto do público, ficamos satisfeitos, mas não norteamos o nosso trabalho para termos mais público. Nós não estamos cá para combater ninguém, estamos cá para cumprir serviço público de televisão. Se tivermos mais público, ótimo.» Jorge reitera, por isso, que dizer que a equipa «está mais feliz do que nunca é um exagero» e recusa a ideia de, «de repente», serem «a última Coca‑Cola do deserto».

 

Regresso em setembro

 

O regresso da Praça da Alegria está marcado para 16 de setembro, dia em que os dois recomeçam a trilhar o caminho numa guerra em que recusam estar inseridos. Ultrapassar Cristina Ferreira não é, por essa razão, uma ambição. «Eu trabalho não a pensar no primeiro lugar, mas em fazer melhor todos os dias. Mas obviamente que gostamos muito dos resultados que estamos a ter, não vamos negar», constata a apresentadora.

Já Fragoso revela a vontade de «ter sempre mais espectadores», mas é irredutível quanto à questão da liderança: «Esse não é o nosso campeonato. Os canais comerciais têm um modelo de funcionamento e o nosso é completamente diferente. Os canais comerciais não estão preocupados com a ficção histórica, e nós estamos; não estão preocupados com documentários, e nós estamos; não estão preocupados em assinalar momentos importantes da nossa história coletiva, e nós estamos.»

Portanto, diz em jeito de remate, «não podemos estar no mesmo campeonato. A questão da audiência é muito relevante, porque gostamos de ter público a ver os nossos conteúdos, mas os nossos conteúdos são os que temos dentro de um quadro de serviço público», finaliza.

 

Percorra a galeria e veja as imagens do «até já» da dupla!

 

Texto: Dúlio Silva | Fotografias: Helena Morais

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1687 da TV 7 Dias)

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