Jornalista da RTP desolado com a morte do pai: “Era um homem bom”

António Esteves está de luto. O jornalista da RTP prestou uma sentida homenagem ao pai com um texto carregado de dor e emoção.

20 Jan 2022 | 18:05
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António Esteves vive um momento difícil com a trágica partida do pai. De luto, o jornalista recordou o progenitor, que morreu na sequência de uma paragem cardiorrespiratória, com uma longa e emotiva mensagem.

“Hoje teve familiares, amigos e vizinhos no funeral dele depois de ter sido traído pelo coração que parou de repente”, começou por dizer numa publicação partilhada na sua página do Facebook.

“O meu pai era um homem bom, bonito, muito tímido e reservado, era de uma honestidade e de uma ética à prova de bala, leal, muito profissional e pontual, um trabalhador incansável, orgulhoso, teimoso, humilde e educado. Odiava fotografias, só as tirava por obrigação e depois de muita insistência e tinha só os essenciais com ele. Era um vaidoso não assumido que escondia sempre um pente no bolso, crescia centímetros dentro da farda da instituição que serviu muitos anos e que adorava, era do Sporting, mas nunca discutiu futebol”, escreveu.

E continuou: “Fazia todas as tarefas de casa, menos aspirar, era um cozinheiro fantástico e apreciador de boa comida e boa bebida. Odiava conduzir e tinha uma especial irritação pela Ponte 25 de Abril. Odiava praia, mas gostava de ir à Ericeira porque era fresquinho e não havia trânsito. Tinha umas mãos especiais que em tempos fizeram mesas, bancos e cadeiras para os sogros e para os pais e armadilhas para pássaros para os amigos. Sentia-se especial nos tempos em que andava de braço dado com a minha mãe, que sempre foi uma mulher muito bonita e elegante, brincava muito com os filhos quando eram pequenos e tinha um imenso orgulho neles e nos netos, que via pouco porque morava longe, no exílio que escolheu na terra onde nasceu e morreu. A mesma onde seguia todos os dias, religiosamente, os meus noticiários da tarde”.

“O meu pai não esteve no meu casamento porque estava muito doente na altura e não queria ser uma distração triste num dia bonito. O meu pai era assim e não esperava ser compreendido. Levantava-se de madrugada para me fazer o pequeno-almoço e o reforço que levava na mochila para o trabalho porque tinha medo de qualquer atraso, nem a minha irritação o demovia mesmo quando tinha acabado de se deitar. Gostava que o filho tivesse sido advogado e zangou-se quando desistiu do curso no terceiro ano de Direito para seguir o sonho de ser jornalista. Habituou-se, mas contrariado”, prosseguiu António Esteves.

Por fim, o jornalista recordou outras particularidades do pai e não poupou nos elogios à figura paternal. “Adorava ver filmes cómicos, de índios e cowboys, râguebi e Fórmula 1. Não gostava de muita algazarra e de convívios barulhentos, adorava caçar e tinha um péssimo gosto para combinar roupa, tarefa que pertenceu à minha mãe enquanto ele trabalhou. Nunca saiu de casa para o emprego sem os sapatos impecavelmente engraxados. O meu pai ensinou-me praticamente a primeira classe antes de eu ir para a escola e estudou mais um pouco já em adulto, era inteligente e tinha uma letra linda, tão perfeita e elegante que parecia desenhada em vez de escrita”, findou.

O arrepiante texto de António Esteves foi inundado com dezenas de mensagens de condolências dos fãs.

Veja aqui:

 

Texto: Carolina Sousa; Fotos: Redes Sociais 

 

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