TVI debaixo de fogo: Jornalistas de programa de Ana Leal revelam mensagens de diretor

Carta da equipa do programa de Ana Leal revela que diretor de informação da TVI pediu aos jornalistas da estação para «filtrar», uma vez que «insistir» nas falhas «assusta as pessoas».

16 Mai 2020 | 17:50
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Em março passado, a TV 7 Dias noticiava a tensão entre Ana Leal e Sérgio Figueiredo, diretor de informação da TVI. Depois de uma reportagem do programa de Ana Leal não ter sido emitida, o formato foi temporariamente suspenso a 10 de março, não tendo voltado à antena.

Agora, a uma carta dos elementos da equipa da jornalista da TVI [André Carvalho RamosCláudia Rosenbusch e Sara Bento ], enviada ao Conselho de Redação da estação revela mais pormenores sobre a tensão entre Sérgio Figueiredo e os elementos do segmento de investigação jornalística.

O documento, a que a Lusa teve acesso, contesta a decisão da direção de informação, considerando que o «jornalismo não está de quarentena». A carta refere que o Diretor de Informação, Sérgio Figueiredo, decidiu manter a «marca de água ‘Ana Leal’ para que os espetadores soubessem que o programa estava vivo», mas retirou a «respetiva autorização acordada com a jornalista Ana Leal, sem nunca explicar porquê».

A equipa do programa, tal como a TV 7 Dias noticiou, seria dissolvida a 26 de março, sendo os jornalistas reintegrados na redação. A missiva refere que nunca foi referido «que se tratava de uma situação transitória para acorrer a necessidades da redação» e que «a ideia foi transmitida como definitiva»

 

«Enquanto os incêndios não se apagam, não é hora de questionar os bombeiros»

 

Na mesma carta, surge uma mensagem de Whatsapp, datada de 17 de março, alegadamente enviada por Sérgio Figueiredo, na qual o diretor de informação explica «o que pretendia da informação da TVI».

«Jornalismo é informar, mas é, sobretudo, ter a noção do papel que desempenha na sociedade. Por isso, também é filtrar, ter a noção do tempo e do modo como o nosso trabalho impacta na vida dos outros. Enquanto os incêndios não se apagam, não é hora de questionar os bombeiros. Não ignoramos as falhas, mas estar a insistir nelas, estar sobretudo preocupado em denunciar o que não funciona, assusta as pessoas e afasta-as da antena, provoca rejeição. As televisões têm agora a preocupação de informar, de esclarecer, de ser pedagógicos, de perceber que as pessoas precisam sobretudo tranquilizar-se e confiar».

Esta mensagem seria uma resposta a Ana Leal sobre uma reportagem a ser exibida a 18 de março. «Quando ela acabar [a pandemia], quando ela for vencida, então voltamos a questionar, a denunciar, a pôr em causa. Como sempre temos feito, como esta equipa tem feito, com o aval e o comprometimento pessoal deste diretor que vos admira e dá o corpo às balas para que nenhuma pressão nenhum interesse vos trave», escreveu ainda o diretor de informação da TVI.

Na carta, este grupo de jornalistas ressalva que os cidadãos «têm o direito a não quererem estar informados» e que, para alguns, poderá ser preferível «não saber o que está a acontecer». «Mas esse é apenas um direito do cidadão, mal andaríamos se fosse um dever do jornalismo. Ao jornalista exige-se que informe e que o faça com responsabilidade, ou seja, sem alarmismos infundados, mas com a verdade. Longe vão os tempos em que a Comunicação Social estava proibida de noticiar aquilo que deixasse as pessoas alarmadas», escrevem ainda.

Em declarações à Lusa, fonte oficial da TVI disse que «os dois espaços de informação dedicados ao jornalismo de investigação estão suspensos até decisão contrária» e que «não há planos, nem data, para o regresso de qualquer um deles».

 

Texto: Raquel Costa | Fotos: redes sociais e TVI

 

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