Incisivo e com um discurso aguerrido, José Castelo Branco mostra-se a postos para ter um assento na Assembleia da República na sua primeira entrevista – um exclusivo TV 7 Dias – desde que demonstrou a intenção de se candidatar às próximas legislativas, marcadas para o dia 6 de outubro.
A notícia caiu que nem uma bomba há uma semana, foi repercutida em vários órgãos de comunicação social e alvo de comentários – alguns positivos, outros negativos – nas redes sociais, nas quais o marchand d’art intensificou a sua presença no último ano e que o fizeram aumentar a sua popularidade entre os mais jovens. É por eles e para eles, por serem «o futuro da nação», que José Castelo Branco pretende entrar na política.
O movimento já tem nome – MJP, Movimento de Justiça Portuguesa – e a recolha de assinaturas, para que a sua candidatura seja considerada, está prestes a começar. Na hora de falar de ambições, o socialite é comedido e ri-se: «Claro que não vou chegar já a primeira-ministra. Vamos com calma!»
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THE REAL LOGO FOR MJP ! My thank you for Pedro Rafael @mr_s4v4ge MJP @mjp.pt
«Vou vestir a camisola e ser a verdadeira Padeira de Aljubarrota»
O que o levou a criar este movimento?
Este movimento foi criado num momento de ímpeto, de paixão, de fúria, mesmo, por tudo o que se estava a passar no nosso país. Tenho estado bastante atento, nestes últimos anos, à realidade nacional e, como estou de fora, vejo muito mais do que acontece em Portugal do que quando estava a viver aí. Comecei a ver tanto, tanto disparate – a história dos professores, a greve dos enfermeiros, os ultimatos do Governo… -, todas estas trocas e baldrocas… Começou a afligir-me tudo.
Nomeadamente na campanha para as eleições europeias?
Eu fiquei completamente dececionado com os candidatos. A abstenção foi uma coisa brutal! Onde é que se viu as pessoas não irem votar para irem para a praia?! As europeias são importantíssimas! Todas essas falhas fizeram-me criar, interiormente, uma grande mágoa.
Foi a gota de água?
A gota de água foi quando soube da operação stop [N.R.: a Ação Sobre Rodas foi uma operação de fiscalização de condutores cujo objetivo era o de cobrar dívidas fiscais, levada a cabo por 20 elementos da Autoridade Tributária e Aduaneira e 10 da G.N.R. e que acabou por ser suspensa pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais]. Mas o que é isto?! Que barbaridade é esta?! Foi nesse momento que disse: ‘Basta, chega, acabou! Eu vou vestir a camisola e ser a verdadeira Padeira de Aljubarrota’. O meu público são vocês, jovens, dos 18 aos 35 anos.
Diz isso baseando-se no público que o segue nas redes sociais.
Claro. As redes sociais hoje dizem-nos tudo. Comecei a brincar [com o Instagram] em setembro de 2017. Tinha uns amigos que iam pondo umas coisas e eu… Ainda hoje não sei mexer completamente na Internet, nas tecnologias… Mas quando passei a ter algum tempo aqui, em Nova Iorque, e as pessoas me diziam que queria saber de mim e que tinha saudades minhas, fui partilhando o meu dia-a-dia.
E no último ano o seu número de seguidores cresceu exponencialmente.
São milhares! E sem nunca ter comprado um seguidor. Um único seguidor! Muitos [famosos] aparecem com milhões mas compraram milhões e foram crescendo. Comigo é completamente orgânico.
Políticos? «Tenho verborreia suficiente para calar essas pindéricas todas»
Voltando à ideia de criar o movimento…
Entretanto, quando disse aquilo, um dos meus fãs, que é uma pessoa com muita inteligência, disse-me: ‘Ó tio, ó tio, tem de se candidatar!’. Eu disse: ‘Vamos a isso!’ É com os jovens que vou representá-los. Vou ser a voz dos jovens e defender os interesses de todos eles. E os jovens estão desacreditados na política. Por isso, quero estar do lado de todos aqueles que não acreditam nos políticos. Não tenho formação política, mas também a posso adquirir. Vou fazer cursos de Ciências Políticas de Harvard.
Vai, por isso, preparar-se para o confronto político.
Eu tenho verborreia suficiente para calar essas pindéricas todas. Em vez de estarem a falar, a falar, entrem em ação. Chega de disparates! Portugal é um país lindo, que pode oferecer o melhor, qualidade de vida…
Já tem uma equipa?
Eu estou a criar uma equipa! São tudo jovens e eles estão a ajudar-me em tudo.
Jovens portugueses a residir em Portugal ou aí [N.R.: José Castelo Branco vive com a mulher, Betty Grafstein, em Nova Iorque, Estados Unidos]?
Estão aí todos em Portugal. O contacto comigo está a ser todo feito pela Internet. Não se esqueça de que não temos uma máquina partidária, não somos uma máfia.
Quais são os seus objetivos?
O meu objetivo é ter uma voz dentro do parlamento que tenha coragem de dizer o que tem de dizer na cara a todos os deputados. Vou ser a porta-voz de todos os jovens e de todas as minorias. Há coisas que eu não aguento. Talvez por ter sido vítima de bullying toda a minha vida, isso me deu a força que eu tenho hoje para enfrentar qualquer fera, para não ter medo de ninguém. Sou contra a injustiça. Não suporto a injustiça.
Está a virar-se muito para a camada eleitoral jovem.
Estou a virar-me para os jovens porque eles são o futuro de Portugal, o futuro da nação.
«Não vou chegar já a primeira-ministra»
E ao lançar este movimento pensa em quê? Em chegar a primeiro-ministro?
Penso sempre ‘the sky is the limit’ [‘o céu é o limite’, em português]. Mas claro que não vou chegar já a primeira-ministra. Vamos com calma! [risos] Mas posso criar mais visibilidade para Portugal.
O que quer dizer com isso?
Porque tenho contactos internacionais. Veja quem são os meus seguidores! Uma das estrelas de A Guerra dos Tronos, a Gwendoline [Christie], é uma das minhas maiores fãs. A Naomi [Campbell], a Ivana [Trump]… Só que a Ivana agora foi proibida pelo Governo de ter uma conta de Instagram. Mas eu sei que ela vê às escondidas. [risos]
O MJP vai implicar o seu regresso a Portugal?
Hoje em dia, Lisboa-Nova Iorque faz-se em sete horas e Nova Iorque-Lisboa em cinco. Por outro lado, a minha Betty, melhorando, vai poder viajar de novo. Podendo viajar de novo, vamos poder passar temporadas em Portugal.
O que diz a Betty em relação a esta iniciativa?
A Betty está completamente entusiasmada. Ela sabia que eu ia entrar nisto. Está a apoiar-me o mais possível nesta nova jornada da minha vida.
E como está a encarar poder vir a lutar contra António Costa, que é seu primo em segundo grau [N.R.: a avó materna de José Castelo Branco, Cândida, e a avó paterna de António Costa, Amélia, eram irmãs]?
O que é que isso tem a ver uma coisa com a outra? Isto está nos genes! Eu não sou simplesmente primo do António Costa. Eu sou irmão do Sérgio Vieira, um dos homens mais importantes da revolução moçambicana e que foi ministro da Defesa, da Segurança, da Presidência e da Agricultura. Eu sou neto do governador-geral de Goa. Eu sou bisneto do governador-geral de Goa. Tenho uma genética de líderes!
O próximo passo é a recolha de assinaturas, certo?
Os meus queridos já estão a começar a recolha. Já tenho ofertas [de voluntários] de norte a sul e, depois, quando for a Portugal, irei apresentar a minha candidatura e registá-la no Tribunal Constitucional.
«A mentira não faz parte da minha persona»
Também tem recebido críticas em relação a esta ideia.
Para essas venenosas, para as inimigas, quero que tenham muitos anos de vida para me verem vitoriosa, de pé. As pessoas pensam que eu estou a brincar, que é mais uma estratégia publicitária. De todo! Nunca precisei de mentir para atingir fins. A mentira não faz parte do meu vocabulário. A mentira não faz parte da minha persona.
Cristina Ferreira, por exemplo, disse que o José «não está bom da cabeça».
A Cristina nem sabe… Eu adoro a Cristina, mas ainda não falei com ela sobre esta ideia.
Não levou a mal a opinião da Cristina?
Não, de todo. No fim, ela até me vai apoiar. Ainda faço da Cristina minha deputada, minha mandatária. [risos]