Karl Lagerfeld na TV e no CINEMA: recorde A VIDA DO MESTRE

«Os 7 Dias Antes», documentário da Netflix, mostra o último desfile de Karl Lagerfeld. O criador morreu esta terça-feira aos 85 anos.

19 Fev 2019 | 12:45
-A +A

Controverso, genial, um sobrevivente num mundo cada vez mais mutável e competitivo, Karl Lagerfeld morreu esta terça-feira aos 85 anos. O alemão que estava à frente da casa Chanel desde 1983 foi, ao longo de décadas, retratado em filmes e documentários mas é o mais recente da Netflix, 7 Dias Antes, que mostra como nunca os bastidores do seu trabalho, durante a preparação da apresentação da coleção Primavera /Verão, apresentada em 2018, em Paris.

«Não há segundas opções. Sei exatamente o que quero e o que não quero», diz Lagerfeld, naquelas que poderão bem sem as últimas imagens gravadas do criador.

Em 2007, Lagerfeld Confidential, documentário protagonizado pelo próprio, mostrava como era a vida do homem, considerado por muitos um génio, muitas vezes controverso e incómodo. «A moda é efémera, perigosa e injusta», dizia.

Em 2013, Lagerfeld contou a sua vida através de desenhos, no documentário Karl Lagerfeld Sketches his Life.

 

Um mito polémico: mentia sobre as origens e criticava mulheres

Desde que se tornou uma referência no mundo da moda que Karl Lagerfeld, nascido em Hamburgo em 1933, mentia sobre a idade e as suas origens. Filho de Otto Lagerfeld e Elizabeth Bahlmann, o criador dizia que a mãe se chamava Elisabeth da Alemanha e que o pai tinha origem sueca. A mãe era filha de um político de classe média e o pai não tinha qualquer ligação àquele país escandinavo.

 

Veja mais: Morreu Karl Lagerfeld

 

Em 2001, Lagerfeld mudou radicalmente a sua imagem, ao perder 42 quilos. «Quis começar a vestir-me de forma diferente mas essas roupas, usadas por rapazes muito, muito magros e não por homens da minha idade, pediam que perdesse pelo menos 40 quilos. Demorei exatamente 13 meses», disse na altura.

A relação difícil com o próprio corpo não o impediu de, ao longo dos anos, tecer comentários depreciativos sobre o corpo de mulheres que não correspondiam às silhuetas filiformes que desfilavam as suas criações. Afirmou que Heidi Klum não era ninguém no mundo da moda e que, fora da Alemanha, ninguém a conhecia.

Em 2012 disse que Adele era «um bocado gorda» e que Pippa Middleton, a irmã da duquesa de Cambridge deveria só mostrar a parte de trás do corpo.

Nesta entrevista, nesse mesmo ano, o criador dizia que a questão da magreza nas passerelles era exacerbada. «Acredito que, infelizmente, será normal as mulheres serem gordas no futuro. Há menos de 1% de raparigas em França com anorexia e mais de 30% com excesso de peso. é muito mais perigoso para a saúde. as manequins são magras mas não são assim tão magras».

 

Texto: Raquel Costa | Fotos: Reuters
PUB