Fruto de uma família de sete irmãos, Leandro cresceu em Chelas e, no Alta Definição deste sábado, dia 21 de julho, o cantor relatou a sua infância difícil.
«No bairro aprendemos a viver. Cheguei a assistir a conflitos entre famílias em que tínhamos de nos esconder com medo de que nos acontecesse algo de mal a nós. Num minuto aquilo transformava-se num campo de guerra», começou por explicar.
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Daniel Oliveira perguntou-lhe se tem na memória algum episódio mais complicado. O artista respondeu:
«Um dia entraram em tiroteio. Todos tinham receio, as mães tinham de estar muito atentas. Até no café. Estavam muito bem no café e desatinavam uns com os outros e aquilo virava um campo de guerra».
Continuando: «De repente estávamos envolvidos numa guerra de adultos, sem sabermos do que é que se tratava ou como chegar a casa. Corríamos por trás do carros e ficávamos fechados em casa. Graças a Deus nunca correu mal, mas podia ter corrido».
Agora, Leandro já não vive no «bairro», como chama à terra que o viu crescer, mas continua a visitar os irmãos e os amigos que lá vivem. «Os meus irmãos ainda vivem lá, às vezes estou lá com os meus amigos», contou.
«Cheguei a vender à porta do cemitério»
Com a voz embargada, Leandro prosseguiu a conversa falando da avó que jamais esquecerá. O cantor contou que, em criança, chegou a acompanhá-la nas vendas e ajudava sempre que podia.
«Cheguei a vender com ela. A minha avó era uma vendedora. Cheguei a vender lamparinas à porta do cemitério», confessou. A dica «era abordar as pessoas com simpatia. Estava a vender para termos dinheiro para a família toda».
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Visivelmente emocionado, o cantor disse: «O amor que existia entre mim e a minha avó é um amor que jamais existirá na minha vida».
Quando a avó adoeceu, o intérprete não quis acreditar no que viria a acontecer. A avó ainda foi operada à cabeça, mas acabou por morrer.
«Não a pude nem a quis ver no hospital. Vi-a na urna e tenha a imagem dela, de como ela era.»
Fotos: Impala e reprodução Instagram