«Vivi em angústia». Liliana Campos montou hospital em casa para aliviar sofrimento da mãe

Foi como cuidadora informal que viveu um dos períodos mais difíceis da sua vida. Num testemunho emotivo, Liliana Campos fala da dificuldade que sentiu ao ver a mãe tornar-se dependente.

26 Abr 2020 | 11:10
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Quando terminar o isolamento social, afiança que irá abraçar e beijar as pessoas que mais ama, como a sobrinha e o irmão. Apesar de continuar no ar, com a condução de Passadeira Vermelha, na SIC e SIC Caras, a apresentadora Liliana Campos viu a sua rotina alterada após o registo dos primeiros casos positivos da Covid-19 em Portugal.

«O que mudou foi o Rodrigo estar em casa. Mudou o estarmos mais tempo juntos, não pelo melhor motivo», disse, confidenciando a sua preocupação: «O Rodrigo tem um resort nos Açores que está fechado. Ainda não fez um ano e há dívidas para pagar, há pessoas que estão a trabalhar com ele e existe uma preocupação constante em saber o que vai acontecer quando tudo isto acalmar, porque o turismo, até que recupere, vai levar o seu tempo, porque as pessoas têm outras prioridades na sua vida do que depois irem passar férias. As reservas que estavam feitas até agosto foram canceladas, por isso existe uma preocupação. Estava tudo a correr lindamente, mas era preciso que continuasse, e agora estamos bastante apreensivos.»

Devota, sempre se agarrou à fé nos momentos mais difíceis da sua vida. Enquanto mulher, não esconde que passou por algumas fragilidades nos últimos anos, como a morte da sua mãe, de quem foi cuidadora informal durante anos. O conforto e a esperança encontrou-os ao lado do marido, Rodrigo Herédia, que a ajudou a superar a dor da perda.

«A minha relação com o Rodrigo começou numa altura em que as coisas com a minha mãe já não estavam tão bem, mas ter o Rodrigo na minha vida ajudou-me, embora, na altura, devido à dependência da minha mãe, não pude dar a atenção que era necessária para uma relação que estava a começar, e ele perceber isso e continuarmos juntos é uma prova de que conseguimos superar essas dificuldades», recorda.

Zena Campos viveu completamente dependente dos filhos nos seus últimos anos de vida. Apesar de ter consciência do seu estado de saúde debilitado, a progenitora pediu aos filhos que a mantivessem em casa. E assim foi feita a sua vontade.

«Tivemos de montar praticamente um hospital em casa», frisou, enaltecendo a força da mãe: «A capacidade de aceitação da minha mãe em relação a tudo o que lhe estava a acontecer foi muito importante para mim e para o meu irmão. Foi para nós um exemplo de aceitação daquilo que estava reservado, queríamos acreditar que ela ia para um lugar melhor, onde voltasse a ser a mãe que conhecemos e não aquela pessoa que estava ali transformada, completamente dependente, que já não reagia, não nos reconhecia.»

Assistir à decadência mental de uma das pessoas que mais amava levou a apresentadora a mergulhar no abismo. «Foi um período que me custou, vivi em angústia, além de ter deixado de ter vida própria e de viver em sobressalto à espera que o telefone tocasse com medo das más notícias. O que mais me custou foi a impotência de não conseguir fazer mais nada do que aquilo que já tinha feito para atenuar ou retirar o sofrimento que a minha mãe estava a viver. Foi uma tortura para nós e foram vários anos, quase quatro anos nisto, diariamente sem ajudas, a ganhar para tudo aquilo que era necessário. O meu irmão entretanto estava desempregado, e percebemos que não há ajudas, e que o nosso país não está feito para velhos. Se não fosse eu e o meu irmão, o que teria sido da minha mãe, se tivesse que ter ido para algum lugar? Não teria as condições e o conforto que lhe conseguimos dar em detrimento das nossas vidas. Abdicámos das nossas vidas para cuidar dela dia e noite», recorda.

 

Programa salva-a da tristeza

 

De acordo com a apresentadora, a sua «salvação» foi ter abraçado a condução do Passadeira Vermelha, que invadiu a antena da SIC Caras em dezembro de 2013: «Era o meu escape. Era a única altura em que conseguia desligar, embora estivesse sempre em alerta, à espera de um telefonema e que fosse preciso alguma coisa.»

No entanto, a tristeza em que mergulhou levou-a a procurar outras alternativas. «Comecei a meditar e a fazer terapias alternativas, como o reiki, que me ajudou imenso, mas não tinha tempo para ter hobbies ou para fazer grande coisa», relata, reforçando: «Hoje já consigo falar disto sem chorar, mas foram períodos muito marcantes. Quando tudo acabou, sempre que fechava os olhos só via o sofrimento da minha mãe, não tinha capacidade para ir buscar as boas memórias, e com medicação, psicoterapia, ajuda e também com o amor do Rodrigo, claro, consegui ultrapassar essa fase que foi muito complicada na minha vida.»

Apesar do delicado momento pelo qual o País passa, devido à pandemia da Covid-19, que continua a alastrar-se, Liliana Campos continua no ar com Passadeira Vermelha. «Continuamos a trabalhar, apreensivos, com todos os cuidados e toda a segurança que se pode ter nesta altura, e a manter o distanciamento uns dos outros. Quando temos de estar mais perto, porque temos de ser maquilhados e penteados, os profissionais usam máscaras.»

Num momento de ansiedade, a comunicadora afiança que a área do social acabou por ser uma das mais afetadas pela pandemia. «Na área do social não tem acontecido nada e também nós tivemos de nos reinventar, porque temos uma hora e meia de programa diário. Temos dificuldade q.b. em conseguir temas. Gostaríamos de ter outros temas que fugissem ao que o Mundo inteiro está a viver, mas não há. O público está saturado de ouvir o mesmo, nós também não conseguimos fugir, porque é impossível o Mundo fugir a esta realidade, mas tentar de alguma forma descontrair e relaxar as pessoas que estão em casa», relatou, sublinhando que as saídas de Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz para a TVI em nada alterou o formato.

«Eles saíram numa altura em que aconteceu logo isto. O formato em si não mudou, agora não temos é tantos comentadores para rodar porque a Luísa Castel-Branco é uma doente de risco, tem uma doença autoimune, para além dos outros problemas todos que são conhecidos publicamente, e não pode vir a estúdio. A Ana Marques está a rodar com o José Figueiras no Alô Portugal e não está disponível. Experimentámos ter vários convidados, para ver como é que o público reagia à presença deles, mas tivemos de deixar de poder fazer isso; no fundo tudo acabou por coincidir. Os temas é que ficaram mais limitados e o número de comentadores também. É um conjunto de circunstâncias que acaba por condicionar o programa», lamentou.

 

Aniversário em casa

 

O mês de abril é para Liliana Campos uma altura de celebração. A apresentadora celebra a vida a 27 de abril, ao completar 48 primaveras. No entanto, a festa este ano será diferente. «No ano passado estivemos em Moscovo, no meu aniversário, e vim fascinada com a Rússia. Este ano o Rodrigo tinha-me oferecido uma viagem para irmos a São Petersburgo. Iremos um dia, se Deus quiser. Isto vem ensinar-nos que não somos tão intocáveis como pensávamos e que o vírus pode virar o Mundo ao contrário, mas quero acreditar que será por um Mundo melhor.»

 

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Texto: Telma Santos (telma.santos@impala.pt); Fotografias: reprodução redes sociais

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1727 da TV 7 Dias)

 

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