Marco Paulo faz revelações sobre cancro de mama que o atormenta há largos meses

Marco Paulo contou a Júlia Pinheiro toda a história desde a descoberta do cancro de mama, em dezembro de 2019, até ao fim da radioterapia esta quarta-feira, 23 de setembro.

23 Set 2020 | 19:20
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Marco Paulo foi o convidado de Júlia Pinheiro desta quarta-feira, 23 de setembro, e falou sobre o cancro de mama por que luta desde dezembro do ano passado.

O cantor, de 75 anos, começou por explicar que «andava a sentir um caroço na mama direita mas não ligava». «Nem sabia que os homens tinham cancro da mama. Em homens, para mim, não achava natural e como isso não me passou pela cabeça eu deixei andar, nao liguei absolutamente nada ao assunto», refere, relembrando o sofrimento por que passou a irmã que «faleceu, há precisamente tres anos, com um cancro de mama.»

Foi uma consulta de dermatologia e a chamada de atenção de amigos que levaram a que a pior notícia fosse dada. «Vou a uma Dra. dermatologista só para tirar um sinal que tinha aqui [no nariz] e no final de tirar o sinal a Dra. perguntou-me se havia mais algum sinal que eu quisesse que ela visse. E eu fechei-me em copas e não disse nada. Estava com medo que falasse no assunto e ela me viesse dar a notícia que eu depois acabei por ouvir», conta, dizendo que foram os compadres que disseram à medica para ver a mama direita do cantor.

 

«[A médica] veio-me apalpar e não achou graça ao assunto»

«Tirei a camisola, ela veio-me apalpar e, quando me apalpou, não achou graça ao assunto. Eu disse-lhe depois de ela me ver os caroços, porque eram dois caroços que eu tinha debaixo do mamilo, que eu apalpava e me doía. Nunca inchou, porque se inchasse eu iria mais rápido ao hospital e ao médico. Mas quando eu apalpava, doía-me. Durante a noite saía um liquido escuro. Não era sangue, era uma secreção qualquer escura», revela.

Nesse dia, Marco Paulo fez uma biópsia, depois de ouvir a médica que o analisava dizer: «temos aqui um berbicacho». «Veio-me logo à cabeça “cancro”», confidencia. «Faço a biópsia e a biópsia acusa cancro de mama já em estado adiantado. Já me estava a entrar para a axila e, portanto, já podia estar a apanhar-me o braço», disse.

 

«Tenho tido a sorte de ser tão amado, tão estimado pelos portugueses»

Quando questionado pela apresentadora se, em algum momento, sentiu revolta, o cantor referiu nunca se ter sentido revoltado e que é na fé e no carinho que tem recebido por parte da família, amigos e fãs que se apoia. «Desde que eu tenha a imagem da minha mãe naquela parede, tenha a Nossa Senhora do Rosário de Fátima à entrada da minha porta e qualquer pessoa que aqui vier, e eu próprio, sei que estou acompanhado. Eu entrego tudo nas mãos das minhas duas mães. Acho que Nossa Senhora me acompanha. Já foram tantos problemas que eu passei e dou sempre a volta», confessa.

«Eu tenho tido felizmente a sorte de ser tão amado, tão gostado, tão estimado pelos portugueses», reforça.

Assumindo que é uma pessoa que precisa de atenção e que o tratem bem, Marco Paulo contou um episódio que aconteceu no dia em que comemorou mais um aniversário, e em que foi sujeito à operação. «Gosto de festejar o meu aniversário e naquele dia entraram com um bolo sem número e cantaram-me os parabéns. Eu acabado de acordar. Foi uma maneira lindíssima de comemorar o meu aniversário», descreve.

Sobre o processo que tem vivido ao longo destes meses, o cantor revela nunca ter sentido «absolutamente nada, nem enjoos», resultado da quimioterapia a que era sujeito. Marco Paulo estava durante duas horas e meia em quimioterapia e durante os meses de tratamento disse que «quer na quimio quer na radioterapia» não sentia nada do que disseram que seria possível.

Já não é a primeira vez que o cantor luta contra um cancro, tendo passado por este pesadelo há cerca de 20 anps.

 

«Tenho muito medo da morte»

Questionado por Júlia se se sentia triste com os problemas de saúde que se viu obrigado a enfrentar, o artista confessou-se «mais triste» por não cantar. «É o que me faz mais triste. Eu sei que estou em boas mãos. Tenho muita vontade de pisar o palco, de cantar, tenho saudades de ouvir os aplausos das pessoas, de estar e falar com elas», anseia.

Contudo, e apesar de se mostrar esparançoso e com fé no futuro, Marco Paulo não foge ao tema morte e não esconde o medo que diz sentir. «Quando eu morrer cantem, batam palmas, sorriam, chorem. Mas tenho medo, tenho muito medo da morte. E fiquei com mais medo depois da minha mãe ter morrido», menciona.

 

Cantor termina tratamentos de radioterapia

Marco Paulo terminou esta quarta-feira, 23 de setembro, os tratamentos de radioterapia – iniciados há cerca de um mês – e Liliana Campos aguardava a saída do cantor, que se mostrou feliz e agradeceu o carinho que recebeu por parte das «equipas maravilhosas» com quem privou e com as pessoas que sempre acompanharam todo o processo.

«Acabei, um bocadinho cansado porque a radioterapia cansa um pouco, embora eu ache que quimioterapia canse mais. Mas neste momento não dá para ir logo para casa dormir ou descansar o corpo. Agora só venho aqui de três em três meses, coisa que eu fazia diariamente», pronunciou à saída da clínica.

O cantor referiu querer festejar com a família e amigos que o aguardam em casa, dizendo: «Mandei arranjar garrafas de champanhe para poder brindar, tentar festejar.»

Por último, Marco Paulo deixou uma mensagem a todos os homens, alertando para que «não tenham vergonha de apalpar a mama». «Apalpam-se. Se não quiserem peçam a alguém», afirmou, reforçando que não são só as mulheres que sofrem com o cancro de mama e que também o sexo masculino deve estar alerta.

Texto: Marisa Simões; Fotos: Reprodução SIC
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