A Maria que se segue: a apresentadora do momento que sonhava ser atriz

Aos 35 anos, Maria Botelho Moniz entra na TVI pela porta grande. É um dos rostos do Big Brother 2020 e tem o caminho aberto para, quem sabe, ocupar um lugar há muito desejado por Manuel Luís Goucha.

06 Mar 2020 | 20:50
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Ao longo de 12 anos, Maria Botelho Moniz demonstrou ter o que uma estação mais procura: versatilidade. Na SIC, onde teve a primeira oportunidade enquanto atriz, na novela Podia Acabar o Mundo, em 2008, Maria fez de tudo. Apresentou, fez reportagem no daytime, substituiu apresentadores de férias, foi comentadora de assuntos cor de rosa no Passadeira Vermelha. Esta quinta-feira, 5 de março, sem que ninguém esperasse, muda-se para a TVI.

Mas vamos recuar uns 17 anos.

Aos 18 anos, Maria muda-se para os Estados Unidos para seguir o sonho da representação. Começa por estudar em Nova Iorque e depois em Los Angeles. «Aquilo era o meu sonho de sempre, estudar representação nos Estados Unidos. Vivi 3 anos de profunda alegria», confessou em entrevista a Filipa Galrão, no podcast d Mega Hits Tudo o Resto, em janeiro de 2019.

Depois dos estudos, regressa a Portugal com o objetivo de singrar como atriz. Em 2008, cumpre essa ambição ao dar vida a Inês Simões na novela Podia Acabar o Mundo. Mas o sonho dava lugar à incerteza. «Entre a primeira e a segunda novela [Laços de Sangue, 2010] que fiz, fiquei um ano e tal parada. E isso causou-me uma tremenda ansiedade. Eu não estava preparada para esses tempos de espera», confessou.

E a solução foi ir «naquela» ao casting do Curto-Circuito. «Estive 4 meses em casting e acabei por ganhar. A partir daí a bola foi rolando e foram surgindo mais oportunidades», relembra. Conduziu o talk show das tardes da SIC Radical entre 2011 e 2014. Esse período coincide com um dos mais dolorosos da sua vida.

A morte do namorado, Salvador Quintela, em março de 2014. Duas semanas após a tragédia, Maria estava a apresentar o CC. E com um sorriso nos lábios, escondendo uma dor infinita «Eu só podia sorrir. Era a única arma que eu tinha», relembra. «Era a única hora e meia em que eu estava sã».

Em 2015, dá o salto para a SIC generalista, como repórter dos programas de daytime Grande Tarde e Queridas Manhãs. É também nesse ano que se senta pela primeira vez no sofá do Passadeira Vermelha, lugar que iria ocupar até à saída da estação de Paço de Arcos. A Maria repórter passou também por todos os principais festivais de música, do Rock in Rio ao MEO Sudoeste, passando pelo Super Bock Super Rock, Sumol Summer Fest. Passou também pelos principais eventos pontuais da estação, como os Globos de Ouro, os 25 anos da SIC.

Em 2019, Maria Botelho Moniz começa a ter maior presença na generalista e ganha lugar como repórter fixa no talk show de João Baião, Olhó Baião, que se estreou em fevereiro de 2019. Estreia-se também a solo, a conduzir o seu próprio programa, Eu Quero Arrumar, na SIC Mulher.

Botelho Moniz na TVI: A nova Maria do Manel?

 

Os portugueses gostam de Maria Botelho Moniz. E a prova disso são os números. Quando a apresentadora se sentou na cadeira do Alta Definição, o programa registou uma das mais altas audiências de sempre. As confissões emocionadas da apresentadora conseguiram captar um universo de 1 milhão e 63 mil espectadores, um resultado muito próximo do melhor número de sempre – o de Cristina Ferreira (a apresentadora foi vista por 1 milhão e 100 mil pessoas).

A honestidade, candura e dedicação de Maria Botelho Moniz terão cativado Manuel Luís Goucha ao ponto de, no Verão de 2018, após a saída de Cristina Ferreira da TVI, este a ter querido a seu lado. «O Rui [Oliveira] sugeriu o nome da Vanda Miranda. Ninguém estaria à espera e conseguiríamos uma coisa importante que seria surpreender o público. Ela tem feito um trabalho notável e alavancou as audiências da M80 com o Paulo Fernandes. Mas iríamos fragilizar a rádio. Foi, então, que me lembrei da Maria Botelho Moniz, que está na Passadeira Vermelha, gosto muito dela», contou o apresentador das manhãs da TVI à TVMais, em dezembro de 2018. Já Maria, a Cerqueira Gomes, tinha sido anunciada como sucessora de Cristina Ferreira.

Na altura, a ainda apresentadora da SIC confessava o seu espanto e garantia nunca ter sido abordada pela estação de Queluz de Baixo. «Como assim, o Manuel Luís Goucha sabe o meu nome? Esse foi o primeiro choque», contou em entrevista à Mega Hits, elogiando ainda o veterano da TV portuguesa. «Como assim o meu nome esteve em cima de uma mesa? Eu nem sabia que ele sabia quem eu era! Eu cresci a vê-lo trabalhar! É uma referência para qualquer pessoa que faça televisão». Com a saída de Cerqueira Gomes das manhãs, Botelho Moniz poderá ser a Maria que se segue. Mas isso só depois do Big Brother 2020.

A beleza «não deveria condicionar» as oportunidades profissionais

Maria Botelho Moniz, neta e bisneta de fundadores do histórico Rádio Clube Português, tem uma imagem que não é o protótipo daquelas a que a televisão nos habituou. E é uma acérrima defensora de que uma mulher, seja na TV ou noutro lado qualquer, pode ser como quiser. «Não faz muito sentido – na minha cabeça, pelo menos – que em 2019 uma mulher tenha de estar constantemente a responder a perguntas sobre a sua forma física. Estamos em 2019. Já chega. Cada um é como é», disse em janeiro de 2019 a Filipa Galrão.

«Acho que isso não deveria condicionar as tuas oportunidades profissionais. Eu entendo muito bem que a televisão é imagem. Quem está em casa gosta de ver pessoas bonitas mas para mim a beleza não é só aquilo que tu és quando estás calado. E cada um tem a sua forma de ser e isso pode ser bonito de várias formas. Não é preciso recuarmos muito na história da televisão para encontrarmos figuras que não eram lindas de morrer. E nada contra uma mulher bonita e talentosa! Venham elas todas e que tenham as oportunidades todas, não por serem bonitas mas por serem talentosas», garante.

A 22 de março, Maria Botelho Moniz estreia-se na sua nova casa, a TVI, na casa do renovado Big Brother 2020. Mas não deverá ficar-se por aí.

 

Texto: Raquel Costa | Fotos: Arquivo Impala

 

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