Maria Botelho Moniz aceitou ser entrevistada por Manuel Luís Goucha para responder às mais recentes críticas de que foi alvo, por parte do jornalista Alexandre Pais que, entre várias coisas, a acusou de ser simpática “mas robusta”, algo que gerou muito alarido de contestação nas redes sociais,
A apresentadora começou por referir que sempre foi muito alta e mostrou-se revoltada com os comentários que recebeu: “Tenho ombros de nadadora olímpica e rabo de Kardashian. Não preciso que um homem, que tem idade para ser meu pai, me diga isso”. A comunicadora revelou que doeu ler as palavras que o jornalista disse a seu respeito na crónica do jornal Correio da Manhã. “Eu não o conheço. Não entendo o porquê, parece-me ser gratuito. Qual é o objetivo? Humilhar-me?”, questionou.
A companheira de Cláudio Ramos nas manhãs da TVI garantiu que nem sabia do que se passava e disse como ficou a descobrir. “Estava a leste, estava a passar um domingo em família, no meio das motos na escola do Pedro, no Carregado, recebi uma mensagem da Magda, ex-comentadora do BB 2020, que me enviou uma mensagem. Entrei nas redes e percebi”.
“Reli e reli… e reli. A cada leitura que fazia encontrava uma nova palavra, uma vírgula, a comparação com outras apresentadoras.. Porquê comparar? Só porque somos mulheres, podem-nos pôr numa balança?”, perguntou, referindo-se à comparação feita pelo jornalista com os corpos de Catarina Furtado e Sónia Araújo. Maria perguntou onde estão os artigos sobre o peso dos homens que trabalham na televisão. “À décima vez que li, doeu. Eu coisas destas leio todos os dias há muitos anos, faço televisão há 18 anos”, afirmou, recordando que sempre teve problemas com as suas medidas.
“Foi sempre posta em causa a minha imagem”
“Eu já tive menos cinco, menos dez, menos vinte quilos. Foi sempre posta em causa a minha imagem (…) começo a relativizar o que dizem sobre mim (…) Já estou a ficar habituada e isso não é certo, que me conforme que dia sim, dia não, falem da minha imagem”. Maria referiu que sempre teve um “corpo atlético” e que quando começou a trabalhar em televisão tinha essa imagem, porém a falta de tempo, as responsabilidades da vida e o passar dos anos fizeram com que o corpo “florescesse noutro sentido”. “Se me incomoda? Às vezes sim, outras vezes não. É um problema meu, na minha cabeça, não tem que ser debatido em praça pública, num artigo de opinião. Ninguém é público o suficiente para ser humilhado desta forma. É pura maldade. Qual é o objetivo?”.
A apresentadora afirmou não ser nenhum “unicórnio na televisão”, ao contrário de outras mulheres, mas que o seu trabalho nunca foi posto em causa: “Existem unicórnios na televisão, mulheres lindas de morrer, com toda a inteligência do mundo, eu não sou um deles. Fui abençoada com outras coisas, existe quem tenha uma imagem diferente, com exatamente o mesmo talento e a mesma perfeição”.
“O meu valor não tem a ver com o numero da etiqueta das minhas calças”
“Eu, Maria, preocupo-me muito mais com o que é dito do que a imagem que me é apresentada, a televisão é imagem, mas é também conteúdo. Não podemos perder o conteúdo em prol da imagem, não podemos descuidar a imagem. Eu sou o equilíbrio (…) Não visto um 34, não visto um 36, neste momento um 38 não me serve (…) É muito mais difícil encontrar roupa que me fique impecável do que a alguém que vista o 36. Isto fez-me pensar… é muito perigoso. Não é o que se diz sobre mim, é o espelho do que se diz sobre as mulheres”, acrescentou,
Maria Botelho Moniz disse que estava sem vontade nenhuma de ir ao “Goucha” nesta terça-feira, dia 4 de abril, porém aceitou a entrevista a pensar nas outras raparigas que a seguem e que podem ter corpos parecidos ao seu. Num momento emocionante, Maria falou diretamente par a câmara, emocionada: “Estou aqui apenas para dizer: ‘Está tudo bem, és ótima, és maravilhosa, caga nisto, não vale nada, não é por isto que temos de nos medir, o meu valor não tem a ver com o numero da etiqueta das minhas calças, párem”.
O rosto da TVI garantiu, ainda, que não se considera uma pessoa insegura, contudo este tipo de comentários fazem-na questionar tudo: “Estou assim tão desforme? Eu começo a achar, com as coisas que leio, que se calhar tenho aquele distúrbio que não vejo a realidade. Sou eu que estou a enlouquecer? Já começo a questionar a minha sanidade”.
Não sou eu que sou insegura, são os outros que me fazem sentir insegura (…) Párem de tentar sentir-me menos do que os outros, eu estou bem com a minha vida, se não forem estas vozes”, rematou.
Texto: Inês Borges; Fotos: DR