Maria Emília Correia: filho morreu em bebé e atriz não sabe onde corpo foi enterrado

Maria Emília Correia foi a convidada do “Alta Definição” deste sábado e recordou a morte do pai, do irmão, e do filho, que nunca chegou a abraçar.

02 Abr 2022 | 16:40
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Maria Emília Correia faz parte do elenco da novela da SIC “Por Ti”, e esteve à conversa com Daniel Oliveira neste sábado, dia 2 de abril, no “Alta Definição”. Nesta conversa, a atriz, de 74 anos, recordou a dolorosa morte do pai, do irmão e do filho prematuro.

Maria Emília Correia contou que o progenitor, diagnosticado com a doença de Brunner aos 20 anos, morreu à sua frente quando esta tinha apenas seis, e revelou ainda que nunca recebeu um abraço da figura parental. “Era uma doença muitíssimo grave. O sangue criava trombos nas veias, nas artérias. O sangue não passava e os dedos mudavam de cor e teve de amputar. Amputou primeiro um pé, depois os dois pés, depois as pernas e os braços. Ele nunca teve a possibilidade de me agarrar, porque, quando eu nasci, ele já não tinha pernas, nem braços. Mas isso não era uma tragédia, podia não ter pernas, nem braços, mas tinha asas e voava muito. Era um artista”, recordou.

“Eu vi o meu pai falecer. Retiraram-me imediatamente de lá, fui para casa de uns parentes muito afastados e lembro-me de regressar com uma bata preta, um vestido preto, com bolinhas brancas, que foi com que andei sempre na escola. Quando me chamavam ‘a orfã’, porque não tinha pai, foi muito violento (…) Mas esse luto foi superado pela coragem da minha mãe e pelo grande amor que o meu irmão tinha por mim”, disse a atriz.

Maria Emília Correia confessou ainda que nunca mais esqueceu as últimas palavras ditas pelo pai. “Adeus, minha mulher. Adeus, meus filhos”, lembrou e acrescentou: “Eu ouvi tudo (…) Ele morreu assim, de súbito, apercebeu-se que ia morrer. Foi grave (…) Não esqueci”.

Mas esta não foi a única morte que marcou a atriz. O irmão, que sofria de tuberculose, recusou-se a ir ao hospital, depois de ter sido “muito” maltratado durante uns exames, e preferiu que os seus últimos suspiros fossem em casa, ao lado da família. Na altura, Maria Emília Correia tinha 19 anos. “Ficou a morrer ao lado nosso lado”, confidenciou e não poupou elogios àquele que ocupou “o espaço do pai”. “O meu irmão foi a pessoa mais bondosa que eu conheci no Mundo. É a pessoa a quem eu devo mais”.

Maria Emília Correia fala da morte do filho

Durante a conversa, a convidada de Daniel Oliveira recordou também outro momento difícil da sua vida. Maria Emília Correia casou-se com um colega aos 18 anos e ficou grávida de um menino, uma gestação muito desejada. No entanto, o filho, Pedro César – o nome escolhido -, não chegou a viver mais do que alguns “meses”, depois de um parto de 16 horas. O bebé ficou sempre internado no hospital, numa incubadora. “A morte do meu filho foi outro cair de pano”, disse.

“Foi uma incúria médica”, afirmou, relatando que a “criança, em função de um parto atabalhoado, ficou surda e muda”.  Mas não só. A atriz partilhou que nunca chegou a ter o bebé nos braços, uma vez que “não o podia agarrar, porque ele estava em condições trágicas”.

Maria Emília Correia reuniu forças para ultrapassar a dor e seguir em frente, porém, “nunca soube” onde a criança foi “enterrada”. Não teve mais filhos durante os seus 74 anos de vida. “Tive medo”, rematou.

Texto: Carolina Sousa; Fotos: Arquivo Impala 
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