Rui Oliveira emocionou-se enquanto falava com Manuel Luís Goucha sobre a mãe. Algo que nunca tinha acontecido em 21 anos de relação, garantiu o apresentador. O momento aconteceu na emissão desta terça-feira, 5 de janeiro, do novo vespertino da TVI, “Goucha”, deixando o seu anfitrião inquieto por ver o marido naquele estado.
Os olhos de Rui Oliveira ficaram marejados de lágrimas quando a estrela da estação de Queluz de Baixo colocou, para surpresa do companheiro, uma fotografia da mãe deste sobre a mesa em que ambos conversavam. “Nunca te vi assim”, reagiu, admirado, Manuel Luís Goucha. “Falamos pouco sobre a tua mãe. Porquê?”, questionou. “Não sou muito de falar dos meus familiares…”, respondeu, sem conseguir completar o raciocínio.
Logo depois, a cara-metade de Goucha desfiou memórias sobre o seu percurso de vida. “O mais novo de sete rapazes” – há ainda quatro irmãs -, Rui Oliveira contou que o irmão mais velho “nasceu com um defeito no céu da boca”, tendo acabado por morrer. “O bebé não conseguia chupar a mama. O médico aconselhou-a, para o manter em vida, para ela lhe dar leite com uma colher. Mas ele não sobreviveu””, recordou.
O progenitor era marceneiro. “Como ele era um bom vivant, o meu avô acho que ele deveria ter uma profissão e obrigou-o a seguir essa profissão”, relatou. Já com sete filhos, o pai e a mãe deixaram Lisboa, onde se casaram, e partiram para Angola. “Depois de termos vivido em Nova Lisboa, fomos para Luanda, deveria eu ter quatro, cinco anos. Foi lá que passei a minha infância toda, uma infância muito feliz, com uma família muito unida, casa aberta. A minha mãe gostava que recebêssemos os amigos em casa.”
Aliás, é daqui que vem o gosto de Rui Oliveira em receber pessoas em sua casa. “Vem da forma dos abraços da minha mãe, que abraçava os filhos todos. E isso fica para sempre”, disse, novamente em lágrimas.
A dolorosa morte da mãe de Rui Oliveira
Sobre a progenitora, considerou-a “uma lutadora”. “No tempo dela, podia ter uma vida muito melhor. Morreu quando tinha 70 anos, doente. O médico que a assistiu nos últimos dias no [Hospital de] São José dizia que os órgãos dela tinham mais idade. Ela paria sozinha, em casa. Ela trabalhava o dia todo e sabia que, àquela hora, poda recolher-se para isso. Era quase como um instinto animal. A maior parte dos filhos foram paridos sozinhos. A parteira era chamada só para vir, depois, assistir. Ela recolhia-se, cortava o cordão umbilical e tudo”, narrou, para surpresa de Manuel Luís Goucha.
“Ela não era assistida por um ginecologista. Um dia levei-a a uma consulta na Bélgica e a ginecologista ficou chocada. Tinha a boca do útero toda descaída”, acrescentou.
Ainda sobre a mãe, Rui Oliveira recordou, visivelmente emocionado, o dia em que a progenitora cai e parte o cólon e o fémur. “Fui ao hospital acompanhá-la na urgência. No hospital, eu compreendo que as pessoas, no manobrar do trabalho deles, não têm tanta cautela. Para nós, é um bocadinho cruel, mas eles fazem aquilo normalmente. Só que nós temos uma ligação sentimental com a pessoa que está ali. Há movimentos que não aceitamos. Então tive de dizer ‘Parem. Não mexam mais’.”
Marido de Goucha: “A minha mãe decidiu que o fim dela estava ali”
Passados alguns anos, o marido de Goucha perdeu a mãe. “Ele teve um problema cardíaco e fez uma retenção de líquidos muito forte. Foi parar outra vez ao hospital. Eu vim de Bruxelas, onde estava a trabalhar, e recebi a noticia de que ela tinha uma retenção de líquidos até aos pulmões. No dia a seguir, fui vê-la e ela não abria os olhos”, lembrou. “Ela decidiu que o fim dela estava ali, ela sabia que não passava daquilo. Então, para não passar a dor aos filhos, não olhava para os filhos”, atirou.
Rui Oliveira disse ter “saudades de tudo” o que envolve a mãe. “Lembro-me do cheiro dela. Era uma mulher muito bonita, gostava muito de saltos alto, fazia a própria roupa, assim como fazia para os filhos. Merecia ter outra vida, mas foi a vida que ela escolheu”, admitiu, assumindo que ainda hoje fala “muito com ela”: “Tenho uma grande fé nos meus mortos. Falo da família mais próxima e dos amigos mais próximos. Por exemplo, de cada vez que tu entras num programa, também evoco os meus mortos para que estejam presentes e para nos darem a energia necessária.”
Texto: Dúlio Silva e Mafalda Mourão; Fotos: reprodução TVI e redes sociais