Maya e Nuno Eiró sonham com a entrada na TDT: «A GUERRA começa em Janeiro»

A dupla das manhãs da CMTV traça objetivos para 2019, fala no desejo da entrada da TDT e de como pensa ombrear com os líderes das manhãs da televisão. Cristina Ferreira também veio à conversa.

24 Dez 2018 | 8:30
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TV 7 Dias – Como tem corrido esta aventura a dois?

Nuno Eiró – Se calhar é melhor ser a tia Maya a responder, que está cá há mais tempo.

Maya – Vá, Eiró. Podes mentir. Já cá estou há mais tempo mas já te conhecia. A experiência decorre melhor do que eu esperava, porque nunca tinha trabalhado a tempo inteiro com o Nuno. Tínhamo-nos cruzado sempre no SIC 10 horas e no Fátima, onde partilhámos plateau a fazer tertúlia, mas não tínhamos esta dinâmica que uma dupla precisa de ter. O Nuno é um apresentador muito versátil e que tem duas características que são muito importantes: Uma vastíssima cultura geral e prepara-se para os programas.

Nuno Eiró – A ideia é essa. Para mim está a correr lindamente. Era este o tipo de programa e o horário que eu queria fazer. O programa já existia, a apresentadora já estava neste horário, teve a oportunidade de ter vários apresentadores e cada pessoa tem uma personalidade diferente… mas foi-se construindo. Nada se faz sem vontade, sem trabalho, e este trabalho não tem uma conotação negativa ou de esforço, e é feito atrás das câmaras para que corra o melhor, à frente delas.

Foi fácil adaptar-se a este novo registo?

Nuno Eiró – Eu sou extraordinariamente adaptável. É mais difícil as cabeças dos decisores acharem isso do que eu me adaptar a esse trabalho. Graças a Deus o Otávio [N.R. Otávio Ribeiro, o diretor da CMTV] teve essa capacidade de ver mais longe, de ver o que pelos vistos não era óbvio, e ainda mais: este programa, neste canal, tem uma coisa que eu não teria em qualquer outro programa deste segmento, do daytime, que é estarmos sempre a ser chamados à atualidade. Não é só o ter de passar a um jornalista. A nível de sociedade nós lutámos para que não ficasse só na informação e que pudéssemos trazer atualidade. Quando te digo sociedade, falo-te do caso da gruta da Tailândia, agora desta derrocada em Borba, falamos dos incêndios. Tudo aquilo que acaba por afetar a sociedade civil também acaba por nos afetar a nós. Portanto, trabalhamos o mesmo assunto, mas com o olhar do entretenimento. Chama-se infotainment e eu não teria essa hipótese noutro canal, porque os outros canais têm os seus canais de informação exclusivos e as águas estão muito bem separadas. Aqui eu tenho a hipótese de o fazer e queria muito fazer.

Maya – E temos feito, colocando no nosso registo, perguntas que os jornalistas não colocam, mas nós, pela nossa proximidade com as pessoas, podemos. No fundo, colocar perguntas que são a voz das pessoas que estão em casa, sem termos reservas, podendo inclusivamente também emitir opiniões, coisa que os jornalistas não podem ou não devem. Penso que esta dupla tem funcionado com base no respeito mútuo. Não trabalhamos de forma individual. Eu não tomo decisões de forma individual.

Nuno Eiró – Idem…

Maya – Às vezes fazemos cedências um ao outro, há coisas que o Nuno está menos à vontade e eu aceito e estou do lado dele e coisas em que eu não me revejo e o Nuno aceita. E isto tem sido também a base da confiança mútua e não há dupla sem confiança.

Nuno Eiró – E divertimo-nos genuinamente a fazer isto.

Maya – É um problema, porque ele sabe um bocadinho mais da minha vida do que devia, mas já temos um passado muito grande juntos e que faz com que haja um registo de amizade e nos permita brincar.
Nuno Eiró – O público pode não saber tudo mas intui imenso. E as pessoas percebem quando não está tudo lá.

 

«A mais difícil de bater será a TVI. Mas não nos mete medo»

 

Entende se há química entre a dupla ou não…

Maya – Claramente…

Nuno Eiró – Chama-se intuição e toda a gente a tem. Assim como a câmara aumenta o peso e uma má maquilhagem, também aumenta isso. E as pessoas não são tontas. Podemos enganar toda a gente durante algum tempo, não podemos enganar durante todo o tempo.

Vocês saíram dos canais da TDT e vieram para o canal líder da Cabo…

Maya – Mas não era quando eu vim…

Nuno Eiró – Nem quando eu vim. Quando eu venho já estava em expansão, ainda não com os números… no nosso programa então não tinha a expressão que foi tendo, mas lá está, é um canal novo. Todos nós queremos tudo para ontem. Já nem se vê televisão da forma que se via há uns tempos. Queremos tudo para ontem, muito rápido e o melhor para nós. Portanto, às tantas passaram cinco anos mas são só cinco anos do início de um canal. As coisas levam o seu tempo embora tenha sido um crescimento muito grande e há ainda muita margem de crescimento.

Maya – Nós temos essa noção.

Nuno Eiró – É muito engraçado para quem chega cá a meio. Venho da generalista e eu já estive em dois canais [N.R. SIC e TVI]

Maya – Vens de um líder de audiências, de um programa líder…
Nuno Eiró – E este passo que se dá é muito interessante. Não é um recomeço, porque não faço tábua rasa de tudo o que vivi, mas é uma belíssima aventura. Eu vim sobretudo pela aventura.

Se estivessem na TDT as coisas podiam estar um bocadinho diferentes face aos outros canais?

Maya – Achamos que, quando estivermos na TDT, em sinal aberto, vamos pedir messas a qualquer dos programas que estão nas generalistas e refiro-me à RTP e à SIC. O nosso primeiro alvo é a SIC, até porque as nossas caras são caras muito cotadas com a SIC, apesar de o Nuno ter estado muito na TVI, mas ainda há muito de SIC em nós. Depois vamos à RTP e em última análise penso que a mais difícil de bater será a TVI. Mas não nos mete medo.

Nuno Eiró – Eu não penso nisso. Penso fazer o melhor todos os dias, o melhor que podemos e gostamos de ver bons números e nu dia em que não os temos, e às vezes acontece também acontece, também não podemos embandeirar em arco para cima nem para baixo. Quantos mais anos tenho menos percebo o que é que as pessoas querem ver em determinado momento. Temos que ver o conteúdo, o que está a dar ao lado, o que é que se passou, portanto são uma data de variáveis. Gostarmos sempre de ser os melhores.

Maya – Tu tens mais tempo para ser líder, eu já não tenho assim mais tantos anos de écran pela frente.

Nuno Eiró – Vais falecer entretanto? (risos)

Maya – Não, mas vou fazer outras coisas em televisão, portanto quero ainda retirar-me com uma posição melhor.

Mas vai retirar-se?

Maya – Para já não, mas claro que pela lei da vida… mais cinco seis anos e passo para trás das câmaras. Ainda vou mandar em ti, Eiró.
Nuno Eiró – Jesus, que medo. Nunca me metam esta mulher no auricular, por favor.

 

A TDT era uma boa prenda para o Natal?

Maya – Eu estou habituada a prendas no sapatinho e no meu aniversário, que é a 21 de dezembro. Nesse dia, em 2017, interrompi as minhas férias para virmos fazer o Manhã CM os dois juntos, porque era o primeiro dia no operador da Vodafone. Foi o primeiro dia em que estivemos nos quatro operadores em simultâneo. Embora eu estivesse de férias eu disse: ‘eu vou, porque eu quero estar no dia em que estamos nos quatro operadores’.

 

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Nuno Eiró – Esta mulher não se aguenta. Está de férias volta. Ela tem saudades disto.

Maya – Quem está como eu estive, sozinha em estúdio, sem coapresentador e sem público, acho que merece depois chegar ao dia em que tem tudo. Estou habituada a prendas no aniversário e no Natal. Portanto estou à espera. Se houver uma mera possibilidade, até no dia de Natal, de passarmos para a TDT, eu estou cá.

Nuno Eiró – Se calhar quem nos está a ouvir poupava-nos o Natal. Ou antes ou depois.

Maya – Acredito que era uma boa prenda e que essa prenda virá. Não porque tenha qualquer espírito santo de orelha. Se calhar acredito, porque sou a Maya. E já não faltará muito.

Nuno Eiró – Será o caminho normal e isso vai de facto redimensionar os nossos números.

Maya – E o próprio público o exige.

Os números nesta altura já são simpáticos?

Maya – Já ultrapassámos até.

Nuno Eiró – Posso dizer que ontem [N.R. dia 21 de Novembro] ultrapassámos os 100 mil telespectadores, de média.

Maya – Nós, nos picos altos, por vezes ultrapassamos os picos baixos da generalista. Portanto isto significa que as pessoas também se vão habituando a nós. Há quem não saiba onde é que estamos. Eu passei muito, e o Nuno também, por um processo de: ‘então saiu da televisão?’ Eu ia às áreas de serviço, onde eu páro e são um bocado o meu barómetro, e as pessoas diziam-me: ‘então não tem programa, saiu da televisão?’ E eu dizia: ‘não, agora estou na CMTV, canal 8…’ Agora entro em qualquer área de serviço e reproduzem aquilo que nós dissemos, o que mostra a popularidade que o Manhã CM já tem neste momento.

Nuno Eiró – O caminho faz-se caminhando e é por isso que queremos tudo, mas eu não estou ansioso por isso.

Maya – Eu não sou ansiosa, mas sou ambiciosa. É por isso que eu sou do Benfica e tu és do Sporting.

Nuno Eiró – Ó amor, isto nos tempos que correm venha o diabo e escolha. Vamos mesmo falar disso, Jorginho? Quando se fala de futebol eu deixo de ter a minha colega Maya e passo a ter o colega Jorge.

 

«Deixamos de ser apresentadores e passamos a ser espectadores a partir de janeiro»

 

Há pouco diziam que era importante estar atento à concorrência. Como têm visto todas estas mudanças na televisão?

Nuno Eiró – Acho ótimo. Estamos cristalizados neste país. Não é por sermos pequenos é porque o poder está instalado há tanto tempo, que o mercado cristaliza durante décadas, o que faz com que se crie um gelo gigante e nada mude. Quem está abaixo do gelo não fura e quem está acima lá fica. Eu acho extraordinário que haja esta mexida. O primeiro pontapé de saída foi o facto de a Cristina ter ido para a SIC, acho que será o terramoto, mas que haverá réplicas. Isto tem de mexer de alguma forma. A partir de janeiro é que começa o divertimento. Já disse isso à Maya. Agora foram só mexidas as peças mas não há…

Maya – … formatos, cenários…

Nuno Eiró – … portanto isto é super galvanizante, nomeadamente para quem trabalha em televisão e gosta de televisão, independentemente se nos afeta direta ou indiretamente.

Maya – Nós deixamos de ser apresentadores e passamos a ser espectadores a partir de janeiro. Eu assisto com muito regozijo à retoma da SIC, porque neste momento já consegue bater-se em alguns horários onde era perdedora, nomeadamente no horário das 19 às 20 e que o Jornal da Noite já ganha com isso.

Nuno Eiró – Porque aquele horário alavanca, não é? É por isso que se chama acesso ao prime time.

Maya – O próprio domingo… já no último domingo [N.R. dia 25 de Novembro] liderou. Assisto com muito regozijo, porque nós nunca devemos esquecer o pai e a mãe, à retoma da SIC, mas na verdade vamos estar muito atentos. A guerra vai começar em janeiro e nós estamos cá. E eu para comentar, porque eu também vou dando a minha opinião, tanto nas Notícias dos Famosos como no Radar da Fama, eu também vou dando a minha opinião sobre este xadrez televisivo. Foi ótimo para a Cristina Ferreira ter saído. Uma mulher como ela precisa de desafios, todos nós precisamos. O Nuno há bocado dizia que aceitou pela aventura, a Cristina aceitou muito bem o desafio, a Maria Cerqueira Gomes aceitou o desafio e aceitou sair da zona de conforto dela, no Porto, para vir para Lisboa.

Nuno Eiró – E depois é tudo o que é alavancado por estas decisões. Não é só por estas pessoas e por estes horários. É por tudo o que pode vir a seguir. Toda a gente sabe que o prime time chama muitas mais pessoas, mas na realidade e por experiência, o day time alavanca o sucesso de um canal, ao final de um ano. Isto é o princípio de eventuais mudanças. E que sejam bem vindas.

No vosso tempo das generalistas estas eram mudanças impensáveis?

Maya – Não, não era, porque Emídio Rangel, quando foi para a RTP já iniciou esta troca de cadeiras, embora uma mudança da SIC para a RTP implique tutela e orçamentos diferentes. Mas de facto hoje em dia, e até porque se mexe em grandes receitas comerciais, há mais estas buscas por quem dá dinheiro ao canal. Mas não era impensável.

Nuno Eiró – Nós continuamos a falar do Emídio Rangel e com todo o respeito, mas já foi há muitos anos. Passaram 25 anos. Eu tenho uma ideia contrária. Seria impensável. O poder instituído estava tão empedernido que rodavam as cadeiras e eram sempre os mesmos e a coisa era sempre igual. Isto sim, é tremer as bases e vai ter que haver um vencedor, neste caso na generalista, ou em Queluz de Baixo ou em Carnaxide. Nada vai ficar igual.

Maya – Eu acho que nessa luta entre Queluz e Carnaxide temos aqui, se calhar, um buraco para nós também colhermos alguns despojos dessa guerra. Alguém perdeu…

A nova novela também vai ajudar à consolidação da CMTV?

Nuno Eiró – O canal já tem uma marca a nível de informação. Está-se a construir paulatinamente a marca do entretenimento para trazer mais pessoas. Eu acho que vai acontecer com a telenovela.

Maya – Eu acho que este canal de infotainment é de facto um sonho do Otávio Ribeiro de fazer um canal diferente. É uma simbiose perfeita e fluida que se pretende entre estes dois conceitos. Acho que por inerência de sermos o canal da marca líder de informação, que é o Correio da Manhã, a propensão é sempre maior para a informação, mas temos estado a crescer – o Manhã CM, o Flash Vidas, o Separados Pela Vida, a novela agora… Portanto temos um crescimento muito sustentado no entretenimento. Mas não é um cana de informação nem de entretenimento. É de facto um canal de infotainment. E nisso somos únicos.

Desejos para 2019?

Nuno Eiró – Mais e melhor, tanto a nível pessoal como profissional.

Maya – Quero ter um ano de crescimento. Eu e o meu Eirózinho temos muita coisa para fazer os dois. Eu tenho o sonho de ir um bocadinho para a estrada, ele diz que..

Nuno Eiró – … Eu vivo o sonho de ter saído da estrada [N.R. Na TVI o apresentador fazia o programa Olá Portugal] Não digas isso muito alto que eles ouvem (risos). A gente vai passear…

Maya – Ó amor, mas pode ser durante a semana. Não precisa de ser ao fim-de-semana. Fazer um crescimento de maior proximidade com as pessoas. Ir um bocadinho fora… durante a semana.
Nuno Eiró – Exato, colocar a bold [N.R. em destaque], durante a semana.

Fazer um roadshow?

Nuno Eiró – Por exemplo… durante a semana. Por favor, a bold e várias vezes, durante a semana.

Maya – (risos) Sim, eu não quero perder o fim-de-semana. Sabes que eu sou uma festivaleira aos fim-de-semana.

Nuno Eiró – Pois, que esta mulher não pára. Tem uma energia que parece que caiu no caldeirão mágico quando era miúda.

Maya – O meu pai era padeiro. Pôs-me fermento… (risos) Mas pronto, para mim é de facto o crescimento do Manhã CM e de onde nos chamarem e na minha vida pessoal continuar a manter o meu ritmo de vida e boa saúde.

Nuno Eiró – Eu tenho propensão para ser feliz, portanto quero continuar a ser feliz e isso envolve tanto o plano profissional como pessoal. Mais e melhor, que eu não tenho medo de trabalhar.

Vai haver algum especial no Natal?

Nuno Eiró – Shiu… Não dês ideias.

Maya – (risos) Não vamos. Acho que há um especial, que é do Flash Vidas. São as resenhas.

Nuno Eiró – Mas nós vamos celebrar muito o Natal no programa. Adoramos.

Maya – E o meu Guia. Dezembro é também quando se coloca um certo foco sobre o guia 2019, com as previsões para 2019. O teu ano vai ser excelente, Eiró. Ele vai ter a carta quatro, que é do imperador, que é uma carta fortíssima. Vai ser difícil de aguentar.

Nuno Eiró – (risos) Me aguarde.

Texto: Luís Correia; Fotos: Marco Fonseca
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