“Não saí magoada da TVI”. Cláudia Lopes: o fim de um ciclo e a mudança para a Sport TV+

Depois de 13 anos no grupo Media Capital, Cláudia Lopes aceitou o desafio de se reinventar no canal de desporto da cabo, ao lado do trio que se celebrizou na TVI 24.

04 Set 2022 | 22:00
-A +A

Após 13 anos no grupo Media Capital, Cláudia Lopes, jornalista e apresentadora, aceitou o desafio de se reinventar no canal de desporto da cabo, ao lado do trio que se celebrizou na TVI 24. Sem mágoas pelo passado, assume queas pessoas crescem e vão por outros caminhos.”

TV 7 Dias – O Futebol é Momento é o seu novo projeto na Sport TV+. Que sentimentos a invadiram neste regresso ao ecrã, após meses longe da apresentação?

Cláudia Lopes – Acima de tudo algum nervosismo. Costumo dizer sempre que quem não acusa nervos, não acusa muita responsabilidade. Apesar da minha experiência, ainda sinto a ansiedade das estreias e mesmo em todos os programas que lançamos fico sempre com um nervoso miudinho.

Como é que surgiu este desafio?

A primeira conversa que tivemos foi com o Nuno Ferreira (N.R.: diretor da Sport TV). Quando terminou o MaisFutebol, a Sport TV percebeu que podia haver a hipótese de nós [N.R.: a anfitriã, Pedro Barbosa, Nuno Gomes e Pedro Ribeiro] continuarmos juntos. E essa ideia agradou-nos muito, porque já temos muitos anos de programa, de amizade e gostamos muito de trabalhar uns com os outros. É uma coisa que nos dá um verdadeiro prazer e isso, penso, que se nota sempre que vamos para o ar. A Sport TV acreditou em nós e lançou-nos o desafio de nos reinventarmos.

E que balanço faz destas primeiras emissões?

Estou muito satisfeita. A dinâmica do programa é a boa disposição, de nós acreditarmos que o futebol é uma diversão, que é uma coisa que deve juntar as pessoas e não as separar. Todos nós, independentemente da filiação clubística, partilhamos o gosto de ver futebol com os amigos e esse é o nosso caminho. É uma questão de amor pelo jogo. E depois temos uma coisa que nos deixa muito contente, que é ter imagens dos jogos… e isso é tudo! Ao fim de tantos anos, temos finalmente acesso aos golos e aos melhores momentos da liga portuguesa, algo que não tínhamos na TVI 24 por uma questão de direitos, obviamente.

Para além dos direitos de transmissão, têm agora também acesso a um arquivo televisivo que ajuda…

Sim, claro. A Sport TV tem quase 25 anos e portanto tem um arquivo riquíssimo. As grandes figuras de hoje em dia no mundo do futebol estão no arquivo da Sport TV. É uma fonte inesgotável para, por exemplo, a nossa rubrica dedicada ao momentos do passado. O Ronaldo “cresceu” e fez-se estrela no arquivo da Sport TV. Algumas das figuras atuais da nossa liga, como o Sérgio Conceição ou o Rúben Amorim, também estão por lá. Há material verdadeiramente mágico.

Já tiveram alguns convidados em estúdio, como o selecionador Paulo Bento, mas que outros protagonistas gostariam ainda de ter no programa?

Sérgio Conceição, Rúben Amorim e Roger Schmidt (risos)… Nós gostamos de ter os protagonistas e de dar a conhecer a opinião deles nos mais diversos temas. Eu dou este exemplo: eu acho que o Iker Casillas foi uma das maiores figuras que passou nos últimos anos no desporto em Portugal. Foi Campeão da Europa, Campeão do Mundo e acho uma pena não termos uma entrevista de vida, ou sequer uma opinião dele sobre a cidade do Porto onde viveu durante anos. Devemos entusiasmar os adeptos, ajudar a criar figuras e é uma pena que muitos desses jogadores, que são altamente interessantes, não lhe tenhamos ouvido nada. Hoje os jogadores são tão protegidos, enfiados numa redoma, que se perde este lado humano e de responsabilidade social que todos os grandes atletas devem ter. Portanto, quando perguntas quem é que eu gostava de ter, no limite, toda a gente.

Na apresentação do programa, o diretor Nuno Ferreira Pires afirmou que “esta é a casa certa para a Cláudia Lopes”. É bom entrar numa casa onde o “treinador” quer muito ter este “reforço”…

É sempre bom sentires-te acarinhado e desejado. Desde o primeiro dia em que começámos a preparar o programa, sentimo-nos sempre desejados pela equipa, pelas pessoas, pois todos perceberam que nós vínhamos para tentar acrescentar… acrescentar uma linguagem descontraída, outros conteúdos, novas ideias, porque a Sport TV deve isso aos seus subscritores e também a Sport TV + tem a missão de enriquecer e diversificar a oferta para os telespectadores. Portanto, tentamos não defraudar as expectativas.

Antes de sair da CNN Portugal, chegou a propor à estação este programa ou outro na mesma linha?

Não tem nada a ver com propostas. As coisas são feitas de ciclos e o da TVI 24 terminou, seguiu-se o da CNN, que um mês depois, tinha uma guerra [N.R.: o conflito Rússia/Ucrânia] em cima e portanto a nossa vida é feita de momentos. Assim que terminou o MaisFutebol na TVI 24 e que arrancou a CNN, o mercado percebeu que havia esta hipótese de continuarmos com este projeto e surgiu o convite mais formal. Achámos que fazia sentido avançar, que ao fim destes anos todos fazia sentido testarmo-nos em fazer coisas novas e abraçarmos este novo ciclo tranquilamente.

Após o fim do MaisFutebol saiu para a CNN Portugal mas não teve uma presença assídua no ecrã. O que aconteceu nessa altura? Sentiu-se colocada de parte?

Não… Há duas coisas que eu gosto muito de fazer em televisão: apresentar e editar. E quando abriu a CNN Portugal eu tive na edição desde o primeiro dia até ao final de julho, altura em que me vim embora. Foi a isso que me dediquei completamente de alma e coração… É para fazer, fazemos… vamos para a frente.

Mas não se sentiu magoada com a estação por não a terem puxado para outro projeto?

Não saí magoada da TVI, até porque estamos a falar de uma casa onde trabalhei desde 2009, onde tenho pessoas que eu adoro de coração. Ninguém saiu magoado. Tem a ver com ciclos e as pessoas crescem e vão por outros caminhos. É como quando os filhos saem de casa. Nós não deixamos de gostar deles. É a vida deles, cresceram, querem fazer outras coisas… A história da TVI na minha vida é muito bonita, é muito rica, mas neste momento desafiaram-se para outro projeto e eu decidi aceitar. E é muito bom porque nos coloca à prova, noutros ambientes… até pela idade! Eu já não sou uma garota nova e não faço isto há dois dias, e hoje em dia em televisão parece que se vive muito das caras novas. O facto de apostarem em mim, num canal que é muito especializado, só de desporto, e de ser um novo desafio na minha vida, acho que isso é bom.

A sua participação na Sport TV pode ir além deste formato semanal? Acredito que ideias não lhe faltem…

A minha participação na Sport TV pode ir para muitos lados, mas para já estou concentrada neste programa e no Podcast, que é exibido às segundas. Ainda estou a conhecer os cantos à casa. Sim há essa hipótese, há essa vontade da Sport TV, mas para já a prioridade é estabilizar este formato. E depois, vamos ver o que surge.

E espera que este programa chegue igualmente aos 12 anos de emissões e que vença vários prémios, como aconteceu em muitas edições dos Troféus TV 7 Dias?

Espero que a tradição se mantenha! Não sabemos se o programa se vai manter durante todo esse tempo, depende muito do público e da nossa capacidade de nos reinventarmos. Mas é sempre bom o nosso trabalho ser reconhecido… e começo já aqui a fazer pressão para uma nomeação (risos).

 

Texto: Pedro Vilela (pedro.vilela@impala.pt); Fotos: Arquivo Impala e Divulgação Sport TV

PUB