Furioso, Nuno Markl arrasa ‘cromos’: «Desafiar o coronavírus é ser só estúpido e egoísta»

Nuno Markl usou a sua crónica Caderneta de Cromos, nas Manhãs da Comercial, para arrasar não só aqueles que ignoram as recomendações das autoridades mas também o alarmismo em torno do coronavírus.

12 Mar 2020 | 19:40
-A +A

Ao contrário do que é habitual, Nuno Markl não dedicou a sua rubrica Caderneta de Cromos, das Manhãs da Comercial, a um tema nostálgico ou a uma bizarria da cultura pop. Habitualmente politicamente correto, o animador arrasou os ‘cromos’ do coronavírus. Num texto inflamado, Markl dirigiu condenou não só os comportamentos alarmistas como também as atitudes dos que ignoram as recomendações das autoridades.

«Malta que me ouve, não sejam cromos. Ser cromo hoje, no pior dos sentidos, é irromper por um supermercado adentro e esgotar o stock de papel higiénico ou irromper por uma farmácia e esgotar o stock do desinfetante ou pelos sites de vendas online e vender máscaras, desinfectante e quem sabe papel higiénico, tentando lucrar com o coronavírus», diz.

Markl critica não só a corrida aos supermercados esta quarta-feira, 11 de março, mas também os que decidiram ir às praias da linha de Cascais, descurando as recomendações de limitação do convívio social. «Ser cromo é, no dia em que se anuncia a pandemia e se implora às pessoas que limitem estar em locais muito cheios, toda a gente ir para a praia porque – uau! – está sol! E sabe-se lá quando é que volta a estar sol porque Portugal é o Pólo Norte, não é?», diz o animador de rádio.

O humorista critica ainda os adeptos das teorias da conspiração e aqueles que negam a gravidade deste momento. «Há muito complexo de inferioridade por este país e a maneira de o vencer é criar a ilusão de que se sabe mais do que os outros tansos», lamenta o animador da rádio Comercial.

Veja mais:

No seu discurso, Nuno Markl refere que o bom senso deve imperar. «Existe um lugar bastante desconfortável no meio, que é aquele lugar em que se acatam as normas de saúde e de segurança», afirma, enumerando as recomendações da Direção Geral de Saúde. «Não é pedir muito, é ficar sossegado em casa».

«A fanfarronice de uns pode ser a doença de outros»

 

«Um dos problema de algumas pessoas – de cromos, no pior dos sentidos, é uma espécie de rebeldia mal enjorcada. Há quem ache que cumprir as normas é compactuar com o sistema e fazer parte do rebanhp. Há normas que podem e devem ser contestadas e questionadas. Mas estas não!», explica ainda o animador de rádio, reforçando esta mensagem: «desafiar o coronavírus não é ser rock and roll. É ser só estúpido e egoísta. A fanfarronice de uns pode ser a doença de outros». Nuno Markl termina, lançando um apelo: «Não sejam cromos. Protejam-se».

Nas redes sociais, o animador confessou-se exausto – e recorreu a uma ilustração para o refletir – depois de ter lido esta crónica em direto nas Manhãs da Comercial. «Isto sou eu às 9 da manhã, depois da Caderneta de Cromos. Acho que nunca tive uma descarga de adrenalina tão grande a fazer uma Caderneta de Cromos. Talvez a fazer qualquer pedaço de rádio em 20 e tal anos disto. Comecei a escrevê-la às 5 da manhã, com os chamados nervos. Acho que foi o meu momento ‘I am mad as hell and I’m not going to take this anymore’ [em português ‘estou furioso e não vou aguentar mais isto’]».

Na manhã desta quinta-feira, 12 de março, a Direção-Geral de Saúde (DGS) atualizou o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal com o diagnóstico de 19 novos casos de Covid-19, elevando para 78 o número de pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus. Há 637 casos suspeitos, dos quais 133 aguardam resultado laboratorial. Há, agora, um novo dado a acrescentar: um caso recuperado.

 

Texto: Raquel Costa | Fotos: redes sociais e Arquivo Impala

 

Veja mais:
Coronavírus: Assunção Cristas está de quarentena
Coronavírus: Rodrigo Guedes de Carvalho apela à união dos portugueses e é elogiado!
PUB