O dilema das redes sociais: nada é tão atual como este filme da Netflix

O Dilema das Redes Sociais (“The Social Dilemma”, no original) é o filme-documentário lançado pela Netflix que aborda uma temática super atual.

14 Out 2020 | 20:06
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O Dilema das Redes Sociais (“The Social Dilemma”, no original) é o filme-documentário lançado pela Netflix que aborda uma temática super atual. Com base em testemunhos de ex-funcionários de gigantes tecnológicas como a Facebook, a Google ou a Twitter, explica-se como é que estas empresas desenvolveram ferramentas de alienação em grande escala. O objetivo, em última instância, é a criação de uma dependência da utilização dos serviços, conseguida através da recolha de dados dos utilizadores.

A recolha de dados

Os algoritmos das redes estão programados para identificar as preferências do utilizador e dar-lhe mais e mais daquilo que ele já conhece. A formação de “câmaras de eco” (grupos, páginas, fóruns e todo um ambiente comunicacional onde o utilizador só vê aquilo que conhece e com que concorda) tem sido a consequência lógica.

O utilizador comum poderá chegar a um ponto sem saída: ou consome aquilo que a sua “bolha” lhe oferece (quer em termos de contactos, quer em termos de páginas que acabou por seguir ou “gostar” na rede social), ou sentir-se-á vagamente desligado do mundo. Terá a sensação de que poucas ou nenhumas coisas interessantes existem fora da sua “rede” habitual, do sistema de referências a que está habituado, da sua “câmara de eco”.

A dependência da dopamina

Principalmente porque as grandes empresas tecnológicas não favorecem apenas o reforço da “câmara de eco”. Elas promovem (principalmente as redes sociais) a chamada dependência da dopamina. Não é só um problema de adolescentes; adultos de todas as idades estão cada vez mais dependentes de uma utilização regular e abusiva do telemóvel – leia-se, dos updates da feed na rede. O aborrecimento e o ócio tornaram-se insuportáveis porque o algoritmo deixou-nos dependentes de pequenas doses de dopamina, a hormona associada ao bem-estar, que pode vir sob a forma de um vídeo, uma piada, uma notícia associada a um tema de interesse, etc.

O que fazer

Costuma dizer-se que é necessário limitar a coleta de dados que as grandes empresas tecnológicas fazem a partir da nossa utilização da internet. O uso de uma VPN é uma forma simples de reduzir essa coleta, ao limitar o tipo de dados que o algoritmo pode recolher. Mas pode ser necessário ir um pouco mais além. Utilizar browsers (como o Brave) e motores de pesquisa (como o DuckDuckGo) que protejam a privacidade dos utilizadores é um exemplo. Reduzir ao mínimo a utilização das redes sociais é outro, sempre com foco em seguir ativamente determinadas páginas e evitar a navegação aleatória – pois é guiada pelo algoritmo, nunca é aleatória como dá a pensar que é. Em última instância, se quiser receber conteúdo de determinado site ou loja, porque não subscrever e abrir a velhinha newsletter por e-mail? Ela é enviada diretamente do site para o utilizador, sem uma rede social de permeio.

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