“O meu pai não morreu. Decidiu não aparecer”: Sofia Arruda recorda abandono do progenitor

Sofia Arruda teve uma reaproximação falhada com o pai e nunca mais soube dele. A atriz conversou com Daniel Oliveira sobre esta marca na sua vida.

19 Abr 2021 | 10:30
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Sofia Arruda foi convidada do programa “Alta Definição”, da SIC, e falou abertamente sobre o seu percurso pessoal e profissional. Em conversa com Daniel Oliveira, a atriz, de 32 anos, começou por abordar a infância marcada pela ausência do pai. Dos tempos em que tinha quatro anos, altura em que os pais se separaram, Sofia guarda recordações pouco felizes.

“Lembro-me de estar sentada numa cadeira com a malinha ao lado à espera que o meu pai viesse buscar-me… e as horas passarem e ele nunca mais chegar”. A atriz reconhece que estes episódios deixam marcas, mas, com o tempo, aprende-se a gerir a frustração. No entanto, não consegue arranjar justificação para o progenitor ter feito esta escolha.

“O meu pai não morreu, o meu pai decidiu não aparecer. Em miúda pensava muitas vezes: ‘Por que é que o meu pai não quer ser meu pai? Será que não sou boa filha? O que posso fazer para ser boa filha?’. Não sei o motivo”, desabafa, contando que ainda hoje não sabe o paradeiro dele.

Sofia Arruda: “Foi quase uma tentativa de ter um segundo pai”

Se houve tempos em que sentia alguma culpa, hoje está de consciência tranquila. “Não posso obrigar aquela pessoa a gostar de mim ou a querer estar comigo”, afirma Sofia, enquanto revela a Daniel Oliveira que, por volta dos seus 12 anos, o pai apareceu de surpresa na quinta da família onde ela vivia com a mãe. O que me custou mais na altura foi olhar para uma pessoa que toda a gente diz que é o teu pai e tu não reconheceres. Não sentes aquela pessoa como teu pai, não consegues dizer: ‘olá, pai’. Não havia vínculos. A reaproximação não deu certo e nunca mais se viram.

Entre as muitas interrogações que surgem num período tão inquieto como a adolescência, Sofia Arruda conformou-se com algumas respostas e levou a vida para a frente. A mãe, com quem diz ter uma relação muito próxima, voltou constituir família e a atriz teve uma irmã.

“O pai dela viveu alguns anos connosco e eu gostava muito dele. Foi quase uma tentativa de ter um segundo pai. Houve um dia em que enchi-me de coragem e perguntei-lhe se podia chamá-lo de pai. Ele disse-me que não. Acho que foi o não mais duro que recebi em toda a minha vida”, revela comovida, explicando que o padrasto justificou a sua decisão. “Eu tinha um pai que estava vivo e que não faria sentido chamar pai a outra pessoa. Mas a partir do não, não ouvi mais nada. Só pensas, porquê? Não há ninguém que queira ser meu pai?”.

Sobre a hipótese desta conversa com Daniel Oliveira provocar algum rebate de consciência e levar a um pedido de desculpas, a atriz respondeu: “Até tenho medo que isso aconteça!”. Sofia não quer desenterrar o passado. “Não tenho ferramentas para perdoar, porquê desestabilizar a vida das pessoas? Não vai acrescentar nada de bom”.

Texto: Carla S. Rodrigues; Fotos: Reprodução SIC e Redes sociais
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