“Os dias mais difíceis da minha vida”: Emanuel escondeu morte do pai e foi traballhar

Emanuel foi o convidado deste sábado, 19 de junho, do “Alta Definição”, SIC. Num bonito recordar da infância, adolescência e muito mais, a emoção do artista surgiu quando falou do pai.

19 Jun 2021 | 16:30
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Emanuel foi o convidado deste sábado, 19 de junho, do “Alta Definição”, SIC. Num bonito recordar da infância, adolescência, gosto pelo futebol e pela música, a emoção do artista esteve à “flor da pele” quando o tema foi o pai.

Anda pelas terras de Portugal no “Camião do Domingão”, da SIC, e é algo que tem sido especial para si. “Tinha o meu pai também num lar, numa situação muito difícil e vivenciei situações, direi, estranhas. Tinha o meu pai ali e aí reforçou-se a vontade de agradar àquelas pessoas e acredita que muita gente estava muito feliz (…)”, começou por dizer a Daniel Oliveira.

“Fisicamente já não se mexia. Estava completamente imobilizado”

Esteve afastado dos pais por força da pandemia, mas o “Domingão”, programa da estação de Paço de Arcos e que passa, como o nome indica, aos domingos, era uma forma dos pais verem o mais velho dos três filhos. “Foi crucial. Na fase final do meu pai, em que ele ficou meses, ora no lar, ora no hospital, por último sempre no hospital em que não podia ser visitado por nós, o ‘Domingão’ era quando ele via o filho mais velho, e o filho mais velho representava a família (…)”, conta Emanuel, revelando também que o progenitor “fisicamente já não se mexia. Estava completamente imobilizado”, refere com emoção.

“O pior de tudo é que ele não nos conseguia ver. Como sabes ninguém podia visitar os familiares nos hospitais e o ‘Domingão’ era a solução para ele, e eu sabia disso”, realça ao entrevistador do formato.

“Não impunha nada, era um homem extraordinário”

O “rei da música pimba” como foi apelidado nos anos 90, contou ainda que o pai “era muito ligado à família”. “Durante 80 e tal anos, conheceu a minha mãe quando era uma criança, namoraram, casaram, criaram filhos,  e viveram sempre em consequência da família e dos filhos, Estar separdo de nós e nós separados dele, estávamos habituados à personalidade dele que era um homem que gostava de expôr a sua vontade e a sua vontade era omnipotente. Não impunha nada, era um homem extraordinário”, diz.

“Ele ficou paralisado, teve três AVC’s, até ficar na última e depois teve covid… ainda isso. Venceu isso tudo. Só não venceu no dia em que percebeu que chegou o dia 1 de janeiro (…)”, data em que juntava a família toda para uma almoçarada. “Ele sempre teve esperança que o ia fazer (…) ele viveu com esta esperança. Quando o dia 1 passou e ele não veio cá, desistiu”, revela. Faleceu com 88 anos.

“Não me faças chorar”

Questionado por Daniel Oliveira por que razão Emanuel não deixou de fazer nenhum ‘Domingão’, a resposta foi perentória. “Por causa dele… Não me faças chorar”, emociona-se, continuando…. “Por causa dele. Foram os dias mais difíceis da minha vida, Daniel. Ninguém sabia, ninguém deu por isso. Não disse a ninguém. Ninguém. Fiz pelo meu pai. Ele faleceu na sexta-feira e eu fui fazer o Domingão”, anuncia com as lágrimas nos olhos,

“Sou um homem que gosta de ter fé e quero ter fé e não prescindo de ter fé. Acho que quando nós temos essa faculdade é mais fácil viver (…) o meu pai regressou a Deus porque foi sempre uma boa pessoa. Quando tens esta convicção, as pessoas que amamos jamais morrem, apenas partem mais cedo. E esta convicção é a convicção que tenho hoje. Quando fiz o ‘Domingão’, eu tinha a convicção, de que estava a fazer bem ao meu pai e fi-lo”, garante.

“Temos de  tratar da nossa mãe e estamos a fazê-lo”

“Eu e os meus irmãos somos muito gratos por ter tido um pai como ele. Não era muito afetivo, não demonstrava as suas emoções, mas era um homem de família, trabalhador, Não se zangava com ninguém”, diz, falando também de como tem sido a vida da progenitora após a morte do companheiro de uma vida.

“Temos de  tratar da nossa mãe e estamos a fazê-lo. Um dos meus irmãos vive com a minha mãe, vendeu a sua casa, para perceberes a união familiar, a união que nós temos. O meu irmão Luís vendeu a casa dele e foi viver com a minha mãe. O meu irmão Jerónimo  tem tempo, vai para lá, fica lá aos 15 dias e portanto estamos a tratar da minha mãe muito bem. É muito dramático (…) Conheceram-se [a mãe e o pai] desde criança, são 80 e tal anos juntos, é muito tempo, e ela sabe que os filhos estão ali juntinhos”, assegura.

Questionado por Daniel Oliveira sobre o que diria ao pai se tivesse oportunidade, Emanuel responde, mas com muita emoção. “Gostava que tivesses ficado mais dez anos… porque era isso que eu pensava que ia acontecer. Acreditava plenamente que o meu pai ia ficar cá até aos 95 anos”, diz.

“Falas com ele ainda hoje?”, pergunta Daniel. “Falo”, responde o artista após hesitar devido à emoção.

Texto: Andreia Costinha de Miranda; Fotos: Reprodução SIC
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