Nuno Azinheira entrevistou Hernâni Carvalho e o criminalista faz duras críticas à Justiça do nosso País. Diz-se contra a pena de morte, mas defende que a pena máxima de prisão em Portugal, 25 anos, às vezes não é suficiente…
Nuno Azinheira – Tens 62 anos, e estás há 20 dedicado à reportagem e comentário criminal. Ainda não te fartaste de brincar aos polícias e ladrões?
Hernâni Carvalho – Estou farto de polícias e farto de ladrões [risos].
NA – E há muitos?
HC – Há muitos, sim [risos]. Diria que os piores estão cá fora. Mas o que me fascina sempre são as novidades. Quando achamos que já conhecemos todos os truques da mente humana, há sempre mais uma novidade. E disso ainda não me fartei. Todos os dias aprendo coisas novas.
NA – É como decifrar um enigma?
HC – [pausa] Em alguns casos, sim. Mesmo quando vamos lá com o livro de instruções. Em alguns casos tem de ser.
NA – Há um manual que te faz pensar que, em 70 por cento dos casos, um criminoso age de certa forma. Mas depois, acredito, também deve haver espíritos muito espertos…
HC – A mente humana é capaz das coisas mais inimagináveis. Se fôssemos apresentar alguns dos casos que conhecemos a um produtor de conteúdos ou a um diretor de programas, eles diziam: “Eh pá, isso é inverosímil. Portanto, não vamos fazer”. Vou dar um exemplo: o Monstro de Beja. Imaginas um indivíduo que consegue estar preso seis anos, que não devolve o dinheiro que roubou ao banco, que consegue matar a mulher, a filha, a neta, o cão, o periquito e o gato não, porque fugiu? No fim disto tudo, consegue-se matar a ele próprio. Isto não é inverosímil? Tudo aconteceu em Beja.
Leia a entrevista completa na revista Nova Gente em banca.
Texto: Nuno Azinheira; Fotos: Nuno Moreira