Pai de Joana Amaral Dias esteve preso numa ambulância durante 1 hora antes de morrer

Conclusões do inquérito levado a cabo pelo INEM revelam que o psicanalista Carlos Amaral Dias esteve quase uma hora numa ambulância avariada e que os bombeiros não comunicaram a situação.

23 Jan 2020 | 14:35
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Carlos Amaral Dias, psicanalista e pai da ex-deputada do Bloco de Esquerda, esteve fechado uma hora dentro de uma ambulância avariada, sem que os bombeiros do Beato (Lisboa) tenham comunicado a situação ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) nem ao Dispositivo Integrado e Permanente de Emergência Pré-Hospitalar de Lisboa (DIPEPH).

Estas são as conclusões do inquérito aberto pelo INEM à morte de Carlos Amaral Dias, reveladas esta quinta-feira pelo Jornal de Notícias. O psicanalista entrou em paragem cardiorrespiratória e acabaria por morrer a caminho do hospital de São José, já numa segunda ambulância chamada para substituir a primeira.

De acordo com o JN, o relatório foi enviado para o Ministério Público para apuramento de eventual crime. Seguiu também para a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, para a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e para o Ministério da Saúde.

 

«O meu pai ficou no meio da rua, na ambulância»

 

Em dezembro passado, Joana Amaral Dias falava publicamente sobre as circunstâncias que tinham conduzido à morte do pai.  «Ele sentiu-se mal na manhã de 3 de dezembro. A auxiliar dele que estava com ele em casa chamou logo o INEM. Do Marquês de Pombal ao São José, é um percurso rapidíssimo. Cinco, dez minutos de carro. Chamaram a ambulância às 9h09 e o meu pai chegou ao hospital já passava das 11 da manhã», contou, em entrevista a Cristina Ferreira. 

E continuou: «O meu pai morreu no meio da rua, com uma paragem cardiorrespiratoria. No meio da rua! Podes imaginar a nossa dor e o nosso sofrimento. Todas as pessoas têm direito a uma morte digna. E, se ele tinha muitas patologias associadas, não se justifica nunca, em nenhuma circunstância, um homem de 73 anos, como ele era, uma rapariga de 20 ou um senhor de 50 não ter a resposta da emergência médica.»

Joana Amaral Dias contou, então, que a primeira ambulância enviada a casa do pai, «um carro de bombeiros», avariou a meio do curto percurso. «O meu pai ficou no meio da rua, na ambulância», salientou. Uma segunda ambulância foi chamada. Só 40 minutos depois é que lá chegou. Mas «sem um médico e sem sequer equipamento de reanimação», segundo a psicóloga, o que diz não entender dado o historial clínico do psicanalista e o tempo de demora a que já tinha sido obrigado.

Texto: Raquel Costa | Fotos: Arquivo Impala e redes sociais
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