Em tempos de crise, não são só os cuidados com a saúde que devem ser redobrados. O cibercrime tem sido uma das formas mais utilizadas para chegar às pessoas neste momento frágil, levando-as a acreditar que estão a ser informadas quando, na verdade, estão a ser fraudadas.
Por essa razão, a Polícia Judiciária já emitiu um comunicado onde pede extrema atenção a todo e qualquer contacto que chegue através de SMS, correio eletrónico ou até pela instalação de aplicações que visam, alegadamente, transmitir informações sobre o surto do Covid-19.
No comunicado pode ler-se que o tema da propagação do vírus Covid-19 tem «sido selecionado por um número elevado de agentes de ciberameaças como cobertura para as suas campanhas de ciberataques».
«Entre os ciberataques observados desde o início de fevereiro de 2020 e associados ao tema COVID-19 destacam-se as seguintes tipologias:
– As campanhas de phishing (por email, SMS ou por redes sociais) a coberto da imagem de entidades oficiais como a Organização Mundial de Saúde, a UNICEF ou centros de investigação e laboratórios do setor da saúde, com conteúdos alusivos à pandemia, inclusive ficheiros em anexo, e orientado para a captação de dados pessoais das vítimas ou para a infeção dos seus dispositivos com malware;
– A divulgação de plataformas digitais ou de aplicações para dispositivos móveis que aparentam divulgar informação em real time sobre a pandemia (e.g. mapas dinâmicos de contágio, mas que estão, na realidade, orientados para a infeção de equipamentos com malware, inclusive da tipologia do ransomware);
– Esquemas de fraude digital partilhados por email ou em redes sociais, que divulgam iniciativas de crowdsourcing para a recolha de donativos para falsas campanhas de compra de material médico ou de proteção pessoal;
– SMS enviados informando que, de acordo com a lei, estão a ser aplicadas medidas extraordinárias para o combate ao COVID-19, e que todos os cidadãos nacionais serão vacinados, sendo garantido um reembolso dos custos pelo governo. Para tal, bastaria pagar uma determinada quantia indicada no SMS e através do registo no link enviado seriam posteriormente ressarcidos», lê-se.
A Polícia Judiciária pede assim «extrema prudência no acesso, na receção e na partilha de conteúdos digitais associados à temática da pandemia COVID-19, devendo dar-se prioridade a fontes oficiais e reputáveis de informação».
Aplicação COVID-19Tracker é fraudulenta
O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) lançou esta terça-feira, 17 de março, um alerta a respeito da aplicação para telemóvel COVID-19Tracker. Segundo este organismo, esta aplicação, ao contrário do que faz crer, não esclarece qualquer informação sobre a pandemia do Coronavírus, mas sim «bloqueia o dispositivo e exige um resgate» de cerca de 90 euros para o desbloqueio do mesmo.
«Não confie nem instale. É um esquema de ransomware para equipamentos Android. Após a sua instalação, o malware [software malicioso] bloqueia o dispositivo e exige um resgate de cerca de USD 100 em bitcoin [cerca de 90 euros]», alerta o CNCS.
Texto: Marisa Simões; Fotos: DR