Primeiro português infetado já está em Portugal e revela: «Não fiz qualquer tratamento»

Adriano Maranhão chegou a Portugal esta terça-feira, dia 10 de março, depois de várias semanas atribuladas no Japão. «O vírus pode ser apanhado novamente porque a pessoa não fica imune», afirmou.

10 Mar 2020 | 20:10
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Adriano Maranhão, o primeiro português infetado pelo novo coronavírus, já chegou a Portugal. O canalizador, de 41 anos, do cruzeiro Diamond Princess, que esteve ancorado no Japão por vários dias, aterrou no Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa na manhã desta terça-feira, dia 10 de março. No navio encontravam-se mais de 700 pessoas infetadas com o vírus Covid-19.

Na zona de chegadas estavam, à sua espera, a mulher, Emanuelle Maranhão, a Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, e o Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.

Recorde-se que Adriano Maranhão recebeu alta hospitalar no passado dia 1 de março.

 

«Não fiz qualquer tratamento»

«Eu penso que esteja tudo bem porque eu fiz um teste que deu positivo mas, de seguida, fiz dois testes que deram negativo», começa por explicar Adriano Maranhão à imprensa presente no local.

«Não fiz qualquer tratamento. Aliás o único tratamento que eu fiz foi de um dia…tomei dois paracetamol que foram receitados pelo médico do navio. Ao fim do dia a medicação foi-me retirada pelo médico das autoridades japonesas. De seguida, fui para um hospital [em Okazaki] por prevenção. Lá fizeram-me dois testes e eu perguntei por que é que um tinha dado positivo e outro negativo. A explicação que me deram foi que poderia ter o vírus há muito mais tempo do que o detetado e que poderia já estar de saída. Daí os dois testes negativos», continua.

Adriano Maranhão revela que foram dias difíceis e que se sentiu um bocado abandonado pela própria companhia, recordando ainda que dentro do navio se viveram tempos confusos. Em relação ao regresso ao trabalho, o nazareno conta: «Agora vou ter dois meses para pensar nisso, para refletir. A companhia pagou-nos dois meses extra para estarmos em casa e para pensarmos se queremos voltar ou não.»

Por fim, o canalizador do navio diz que pode voltar a ser infetado, uma vez que o corpo não fica imune por já ter sido portador do vírus. «O vírus não acaba por voltar, pode ser apanhado novamente porque a pessoa não fica imune. Tenho o certificado do hospital do Japão a provar que está tudo bem e aqui não vou ter que ser acompanhado», remata.

Texto: Ivan Silva com Inês Marques Fernandes; Fotos: Marco Fonseca
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