“Procuro o meu lado mais negro”: Diogo Infante admite dificuldades com personagem na TVI

Apesar de estar rendido ao seu Frederico na novela da TVI, “Quero é Viver”, Diogo Infante confessa que o excesso de maldade da personagem, por vezes, torna-se difícil de despir.

10 Abr 2022 | 9:50
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Aos 54 anos, Diogo Infante já vestiu inúmeros personagens e o seu nome é uma referência na ficção nacional.  Em Quero é Viver, na TVI, volta a fazer de mau da fita e o ator assume que o caráter manipulador do seu personagem tem sido o maior desafio.

Tem sido muito prazeroso, mas duro. Esta personagem é muito desafiante porque é muito complexo e não é propriamente uma pessoa fácil. Interpretá-lo e levá-lo para casa às vezes, pesa um bocadinho. Ele é um homem complexo, muito manipulador e esse tipo de comportamento, sobretudo no caso com as mulheres é algo que custa representar, porque não me revejo neste tipo, então tenho mesmo que me abstrair para não fazer juízos de valor”,  revela, explicando: “A experiência vai-me permitindo fazer essa transição de desligar, mas há dias mais difíceis. Em que a personagem é mais emocional, ou mais emotiva, ou mais intensa e nós não somos de plástico e portanto às vezes fica esse lastro que é duro e que temos que aprender a geri-lo. Às vezes quando se faz dez ou 15 cenas e de repente são cenas de violência emocional ou psicológico é duro.”

 E o ator não tem dúvidas que  estar em simultâneo no teatro com a peça  “O Amor é Tão Simples” é a salvação para manter o equilíbrio. “Ir alternando com a comédia à noite tem sido muito bom. Divertido não sei se é o termo, mas tem sido muito prazeroso por um lado deambular por entre estes dois universos, o da novela e o do teatro. Como se costuma dizer, vou de papinho cheio para casa”, diz em tom de brincadeira.

A sua prestação como Frederico não passa despercebida e o feedback do público não o surpreende. “Já tenho idade suficiente para ter um capital humano e artístico para as pessoas dizerem ‘coitadinho, gostamos de si na mesma, mas é tão malandro, tão manipulador, tão controlador, ai ai ai’”, conta, explicando: “Os meus seguidores vão-me dando vários recados aos quais não posso responder, mas sinto o carinho e sobretudo acho que as pessoas reconhecem o trabalho de ator que está por detrás daquela personagem e percebem que não tem nada que ver comigo, deixa-me muito satisfeito porque não sou assim. Portanto, perceberem e sentirem-se incomodadas pela personagem é bom sinal, sinal de que estou a fazer o meu trabalho bem.”

Sobre a  maldade da sua personagem, o ator defende: “As pessoas na verdade não mudam na essência, o que muda são as circunstâncias, acho que quando aparece alguém mais novo na vida do Frederico ele vai ter a oportunidade de revelar um novo lado dele, mas no fundo lá está. Graças a Deus não conheço ninguém como ele e sempre que conheço, mantenho-me à distância, mas procuro o meu lado mais negro, mais escuro que todos tempos.”

Em Quero É Viver, o ator volta a fazer par romântico com Fernanda Serrano, uma das suas vítimas, e confessa a sua tristeza por estarem separados. “Estamos muito tristes que o nosso casal não esteja a correr bem Eu e a Fernanda temos ainda a esperança de convencer a Helena ( a autora) de que nos faça um final feliz, mas por outro lado é claro que ajuda quando estamos com colegas que são amigos e com quem temos muita confiança. Desse ponto de vista todo o grupo, todo o coletivo tem sido fantástico. O João Bettencourt, que faz de nosso filho, é absolutamente maravilhoso e mesmo a personagem da Rita, a Margarida tem sido muito bom”, conclui.

 

Texto: Neuza Silva (neuza.silva@impala.pt); Fotos: DR

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