“Sei o que custa”: Inês Castel-Branco revive drama pessoal na nova novela da TVI

“Para Sempre” marca o regresso de Inês Castel-Branco à TVI e, na pele de Clara, a atriz revive uma realidade que bem conhece: a luta para ter um filho. “Acaba por ser terapêutico”, assume.

28 Ago 2021 | 13:57
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A novela “Para Sempre” marca o regresso de Inês Castel-Branco à TVI, 13 anos depois, e a atriz mostra-se muito feliz por estar de volta à casa onde participou em projetos como “Morangos com Açúcar”, “Os Batanetes” e “Queridas Feras”. “Foi um ótimo regresso à TVI. Estou muito ansiosa para ver a reação do público. Está a ser uma grande aventura só estrearmos depois de acabar de gravar. Acabamos por ter uma história mais fechada, o que não é muito normal”, assume.

Na trama, Inês Castel-Branco dá vida a Clara Sampaio de Menezes e é uma personagem cheia de nuances. “Acima de tudo é uma boa miúda, com o coração no sítio certo, que quer ajudar e cuidar de toda a gente. Tem um desejo enorme de ter uma família, mas infelizmente não pode, porque sofre de infertilidade”, conta, acrescentando: “Depois tem aqueles dois homens, o Pedro [N.R.: Diogo Morgado] e o Lourenço [N.R.: Pedro Sousa] na vida dela, que vão dar pano para mangas, e mais um terceiro homem, que é o pai [N.R.: Luís Esparteiro] com quem tem uma relação de manipulação. A mãe dela morreu quando ela era muito nova e é muito ligada ao pai, que tem problemas cardíacos.”

A atriz considera que outra das mais-valias da personagem é estar inserida num grupo feminino forte, juntamente com Sara Prata, Maya Booth e Inês Aires Pereira. “Foi uma escolha certa porque somos muito amigas cá fora também. Da Maya sempre fui muito amiga, já passámos por tudo e mais alguma coisa juntas. Agora já somos mães, já fui sua senhoria… A Inês conhecia-a mal, da peça ‘Avenida Q’, sempre gostei dela, mas agora estou apaixonada. A Sara conhecia desde os ‘Morangos’, mas nunca fomos próximas e agora ficámos.”

 

Inês Castel-Branco: “Saio das cenas mais leve”

 

Na pele de Clara, a atriz revive um problema que conhece bem, o problema da infertilidade e a angústia de não conseguir engravidar, que, no entanto, ultrapassou, e hoje é mãe de Simão, de 11 anos.

“Eu passei por essa situação. Sei o que custa. É uma situação que está muito presente na minha vida. Quando estou a fazer essas cenas é quase terapêutico”, conta Inês Castel-Branco, revelando ainda: “Vou buscar tudo aquilo que eu passei e saio das cenas mais leve. É importante falar sobre este tema. Acho que não é muito explorado e as mulheres que sofrem isto queixam-se de ninguém falar disto. Parece que há um estigma, uma vergonha, e para mim há duas coisas na Clara que são muito parecidas comigo. A ligação dela às crianças e a infertilidade. Mas até ao final ainda vai dar muitas voltas, eu também tive este problema e agora tenho um filho. Não é a primeira vez que vou buscar coisas que já vivi para as minhas personagens, é terapêutico.”

Além desta novela assinalar o seu regresso à TVI, este projeto está também marcado por um método de trabalho diferente, devido à pandemia. “Fiquei agradavelmente surpreendida pelas condições na Plural. Quando a pandemia começou no primeiro confinamento eu estava a fazer um espetáculo e foi interrompido. Fui viver para o campo. Depois estive o ano seguinte sem trabalhar, fiz uma participação numa série espanhola, mas nunca tinha trabalhado com pandemia, esta coisa das máscaras, desinfetante e cada um com o seu camarim”, sublinha, acrescentando: “Quando cheguei aqui, eles tinham isto tudo muito bem organizado porque já não é a primeira novela que fazem nesta situação. Deu-me imensa segurança. Mas que continua a ser assustador ver as pessoas de máscara por todo o lado continua.”

 

“Estou a acusar o cansaço”, admite a atriz

 

Faltam cerca de dois meses para as gravações terminarem. Inês Castel-Branco assume: “Estou a acusar o cansaço, mas tenho a responsabilidade de continuar com boa energia.” No entanto, já tem projetos para o futuro. “No próximo ano quero muito fazer teatro, até porque a novela vai estar no ar e, se possível, cinema também.”

A nível pessoal, a sua prioridade é o filho. “Quero dar atenção ao meu filho, que já vai para o sexto ano e sentiu um bocadinho a minha falta. Desde que ele nasceu comecei a aceitar menos trabalho, nunca mais fiz novelas e teatro ao mesmo tempo e só fiz duas protagonistas, o ‘Amor Maior’ e agora esta… Explico-lhe que gosto dele da mesma maneira, mas que também preciso de ser feliz e realizada, que também tenho muitas saudades dele e também me faz falta ser mãe dele a tempo inteiro, mas depois envolvo-o na história, trago-o para estúdio e ele fica muito contente.”

 

As saudades da mãe, Luísa Castel-Branco

 

Devido à pandemia, a atriz esteve bastante tempo afastada da mãe, Luísa Castel-Branco, e foram tempos difíceis para as duas. “Foi assustador. Nessa fase estivemos duas vezes juntas e na segunda vez eu estava infetada, sem saber, e até ela testar negativo pensei o pior e ninguém quer ter este peso. Ninguém quer ter uma espada em cima da cabeça que fez mal à mãe ou ao pai”, conta Inês Castel-Branco.

E as saudades foram muitas. “Tivemos muito tempo sem nos vermos, sem ela ver e abraçar os netos, e foi complicado. Agora a coisa já está mais normalizada e podemos ter acesso aos testes mais facilmente. Já dá para fazermos o teste e irmos ter com ela. No início não… e foi muito duro para ela. Passámos mal de tantas saudades.”

 

Texto: Neuza Silva (neuza.silva@impala.pt); Fotos: Arquivo Impala e D.R.

 

(artigo originalmente publicado na edição nº 1797 da TV 7 Dias)

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