Taróloga da SIC faz confissão sobre o pai: «Matou-se debaixo do comboio»

«Uma miúda disse-me: ‘Olha, o teu pai suicidou-se. Matou-se debaixo do comboio. E foi assim…», contou a Cristina Ferreira, visivelmente emocionada.

05 Jul 2019 | 20:10
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Maria Helena Martins chegou à televisão em 2002 pela mão de Teresa Guilherme, para quem enviou «à sorte» um currículo. Acabou por ser chamada para o programa da TVI Olá Portugal, conduzido por aquela apresentadora e por Manuel Luís Goucha – curiosamente, foi neste formato que Cristina Ferreira se estreou no mesmo canal, depois de uma passagem pela RTP. Esta sexta-feira, 5 de julho, a taróloga esteve n’O Programa da Cristina para dar a conhecer a mulher que se esconde por detrás das cartas.

«Estou mais jovem com 70 anos do que quando tinha 50 ou 55. A alimentação é fundamental», disse Maria Helena Martins, explicando que os seus dias começam sempre com uma ida ao ginásio para se sentir «revitalizada» e com um batido «que é uma bomba». Nem sempre foi assim.

 

 

A infância da taróloga foi de «muitas dificuldades económicas». «Andava descalça, não tinha sapatos. Já era crescida quando calcei sapatos pela primeira vez. Lembro-me que magoavam muito», contou à estrela da estação de Paço de Arcos.

Apesar desses poucos recursos, Maria Helena acrescenta que «nunca» foi «pobre». «Esse conceito nunca me coube. Eu pensava que tinha tudo. Tinha flores, tinha passarinhos, tinha fruta das árvores… tive uma riqueza enorme e que a maioria das crianças não sabe o que é», justifica.

 

A universidade aos 45 anos

 

A mãe «vendia peixe e fruta» na praça de Moscavide, em Lisboa. Maria Helena «ia com ela e adorava aquilo». Ainda hoje tem na memória os pregões e é até lá que se dirige quando está «mais em baixo». «A energia surge logo. Recomendo às pessoas que, quando estiverem desmotivadas, vão à origem», declara.

Já nessa altura, conta, as cartas fazia parte da sua vida. «Sempre as tive. Sempre acendi velas. Sempre rezei. Mas só aos 55 anos é que me dedico a isto como profissão», lembra. Maria Helena casou-se com 17 anos, depois de três de namoro. Dessa união nasceram três filhos e, destes, tem já oito netos. Chegou a emigrar para o Brasil, onde viveu durante seis anos, com apenas «5 contos» [25 euros] no bolso. Aos 45 anos, candidatou-me à universidade. «Tinha a quarta classe. Foi através do exame ‘ad hoc’ [de acesso ao ensino superior para maiores de 23 anos]».

«Costumo dizer que sou aquela sem hipótese. Portanto, se não tenho hipótese, vou à procura dela. À partida, eu não tinha hipótese.»

A taróloga entrou com 16 valores e licenciou-se em Sociologia. «Depois fiz uma pós-graduação e continuei sempre a estudar. Estudava à noite e trabalhava de dia», recorda.

 

«É uma falha que fica eternamente»

 

Feliz, Maria Helena Martins não esconde que, ao longo dos seus 70 anos, há um período que não esquece: foi quando tinha seis anos e perdeu o pai. «Uma miúda disse-me: ‘Olha, o teu pai suicidou-se. Matou-se debaixo do comboio. E foi assim…», contou a Cristina Ferreira, visivelmente emocionada.

Mais de seis décadas depois, o sentimento de tristeza permanece. «Nunca se resolve. É uma coisa que fica. A sensação que uma criança tem quando o pai ou a mãe parte é que ela fez qualquer coisa de errado. Isso é uma falha que fica eternamente. Não há nada que tape essa falha. Por mais amor que tenhamos, o amor de um pai e de uma mãe é insubstituível», desabafa.

«Nunca fui procurar porque ele fez isso, mas nos meus 70 anos já encontrei respostas. Uma pessoa só parte quando não se enquadra nesta vida, quando sente que está a mais, quando nada faz sentido para ela, quando viver é uma dor tão grande que preferem partir. Acredito que seja isto», termina.

 

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Texto: Ana Filipe Silveira | Fotografias: reprodução redes sociais
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