Prossegue o julgamento da morte de Sara Carreira num acidente ocorrido na A1. Na segunda sessão, Tony Carreira e Fernanda Antunes não aguentaram um momento específico e acabaram por abandonar a sala de audiências. Tudo aconteceu quando uma testemunha explicava como encontrou o corpo da filha do ex-casal dentro da viatura depois do acidente. Esta testemunha foi quem cortou o cinto de segurança de Sara Carreira. A juíza pediu mesmo ao procurador que pare de fazer perguntas tão detalhadas sobre o corpo de Sara Carreira.
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No final da primeira sessão do julgamento da morte de Sara Carreira, Tony Carreira não escondeu a revolta nem a desilusão pelo que foi dito na sala de audiências do Tribunal de Santarém. “Tenho compaixão para dar e vender, mas não para mentiras”, disse. Hoje, à chegada ao tribunal, o cantor explicou o que pretendeu dizer. “Falam do Ivo, mas o acidente não foi só o Ivo”, começa por dizer Tony Carreira. Que centra depois a sua revolta em Paulo Neves, condutor envolvido no primeiro acidente. Ficou provado que o arguido conduzia a uma velocidade a rondar os 30 km/h e que conduzia embriagado. Ainda assim, o cantor não gostou de ouvir Paulo Neves dizer em tribunal que conduzia a uma velocidade superior do que aquela e que não se sentia sem condições para conduzir. Em declarações ao Correio da Manhã, Tony Carreira reforçou a ideia de que nenhum dos arguidos falou consigo. “Ninguém me pediu desculpas”, diz.
Tony Carreira leva mãos à cabeça em tribunal
À chegada ao Tribunal de Santarém, Tony Carreira realçou que o momento por que estava a passar é “muito duro”. E estas palavras até nem eram necessárias, pois as expressões corporais do cantor dentro da sala de audiências são o espelho daquilo que está a sentir ao recordar os momentos que antecederam a morte da sua única filha, Sara Carreira. Houve mesmo um momento em que o artista levou as mãos à cabeça.
Tudo aconteceu enquanto a fadista Cristina Branco falava sobre o sucedido na A1. “O embate dá-se muito perto do pórtico de Santarém, o que me recordo, lembro-me de entrar na portagem e só me lembro depois do embate”, começa por dizer. Acrescentando ter um lapso temporal. “A minha memória imediatamente a seguir de sair da portagem é de pôr a mão no peito da minha filha e de travar e avisar: vamos bater”, prossegue.
“Eu não vinha a mais de 120”
“Há um movimento que na verdade é simultâneo, eu ponho a mão no peito, travo e tentei desviar-me para o lado esquerdo. Depois do embate o airbag deflagra e eu acho que viro o carro, eu sinto que estou a bater numa parede”, descreve a fadista. “Eu não vinha a mais de 120 porque a minha ideia era colocar o carro a 120 para fazer o percurso normal”, garante.
“Foi a minha filha que viu esse momento [acidente de Sara Carreira] e não eu”
Cristina Branco garante ainda que ligou os quatro piscas antes de sair do carro para ir buscar a filha, de 11 anos, ao lugar do passageiro. Depois, seguiu para o separador central sem se aperceber de que a sua viatura estava ao contrário do sentido da marcha. “A minha carteira estava no carro, a minha filha tinha o telefone com ela e liguei para o 112, mas a chamada caiu”, conta. “Liguei para o meu companheiro e peço para ele ligar para o 112. Eu estava ao telefone com o 112, abraçada à minha filha, foi a minha filha que viu esse momento e não eu”, refere, em alusão ao acidente com o carro conduzido por Ivo Lucas e no qual seguia Sara Carreira.
“Vejo um carro a sobrevoar as nossas cabeças”
“A minha filha começa a gritar e eu olho e vejo um carro a sobrevoar as nossas cabeças”, relembra. É neste momento que Tony Carreira leva as mãos à cabeça. Diz ainda a fadista que a viatura do casal ficou “como se estivesse estacionado em espinha na berma. A minha filha diz que o carro vinha depressa eu não me apercebo. Lembro-me do senhor Ivo, quando eu chego ao pé do senhor Paulo [outro arguido].” Cristina Branco refere também que ficou no separador central até à chegada da polícia. Por fim, a fadista refere que viu Ivo Lucas aproximar-se da berma.
Texto: Bruno Seruca com Carla Ventura Fotos: Impala e reprodução Instagram