Tony Carreira: «Vou fazer pausa na minha carreira»

Afinal, Tony Carreira vai «fazer uma pausa na carreira» e não «colocar ponto final na carreira».

05 Mar 2018 | 14:55
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Afinal, Tony Carreira vai «fazer uma pausa na carreira» e não «colocar ponto final na carreira», como nos adiantavam fontes na manhã deste domingo, 4 de março. Após a entrevista a Judite, Sousa, na TVI, leia a entrevista de vida do mais bem-sucedido cantor romântico da atualidade.

Em que é que o Tony se inspira para escrever as suas canções?

As nossas histórias são todas iguais – o que vivo, o que me faz chorar, sofrer, rir, o que me toca… Quem tenha sensibilidade, quem não faça mal a ninguém, enfim, pessoas normais, como eu, têm histórias iguais. Todos já tivemos desilusões com amigos, filhos, desgostos. Portanto, posso estar em frente à televisão e ver uma coisa interessante, ou a ouvir pessoas falarem e descobrir uma história que me inspire; e também posso inventar. Quando ouvirem o disco vão perceber quais as canções que são autobiográficas. Acho eu.

Pode haver coincidências…

Claro que sim.

No início da carreira, a sua vida foi difícil. Um jovem casal a passar por dificuldades e o Tony sempre a perseguir este seu sonho de ser cantor. A Fernanda pediu-lhe para desistir. Nunca aconteceu, mas colocou essa hipótese.

Não há heróis e é muito fácil depois de se ter sucesso dizer que tinha a certeza de que ia conseguir. É mentira. Não há heróis e acredito em valores como o do trabalho. Mas aceito que haja uma estrelinha.

Sentia-se predestinado, e portanto obrigado a não desistir de empreender uma carreira na música?

Não. Sentia-me completamente focado só nisto e nisto e nisto. Com alguma ingenuidade. E sonhador, o que me fazia não ver as dificuldades como elas eram. É a minha personalidade, o lado ingénuo, de acreditar que no início talvez tivesse mais talento do que na realidade tinha. Agora sei que depois de muitas tentativas ouve ali um momento em que estava praticamente a abandonar o sonho.

Vivia entre a ilusão e a realidade.

Sim.

Tony Carreira, o sonhador, e Fernanda Antunes, a realista

Pode dizer-se que vivia entre a ilusão do Tony e a realidade de Fernanda, que o puxava, para que assentasse os pés para a terra?

Não. Não tem que ver com a Fernanda.

Mas confessou-o na sua biografia.

Não. Essa ideia está errada.

Era um sonho a dois?

Eu estava a perseguir um sonho e as dificuldades não vinham de alguém que me rodeasse. Eu não estava simplesmente a alcançar o que gostava de alcançar. Não tinha nada que ver com quem me rodeava. Estava era a ser muito difícil e sentia que, se calhar, não ia conseguir. E houve ali um momento, salvo erro em 91, em que praticamente desisti. Não sei se já não tinha desistido. E há um dia em que recebo um telefonema de uma pessoa que me dá uma última possibilidade e foi a partir daí que as coisas começaram. Se isso não tivesse acontecido, não sei se abandonava ali ou não. Não há heróis…

Mas há momentos de sorte.

Não só, mas também. Repare: quando gravo o meu disco, coloco um tema, o último que gravei, que não era sequer para entrar. E só entra porque um amigo meu vai lá casa, ouve-o e diz-me: “Acho que devias gravar essa canção”. E essa canção acabou por ser o meu primeiro disco de ouro. [Meu Herói Pequeno, dedicado ao filho mais velho, Mickael.] Portanto, há muitas curvas que determinam a nossa vida e não sabemos bem porquê…

Pouco antes dos seus 20 anos, forma a primeira banda, Irmãos 5, e conhece a Fernanda. O vosso namoro começa consigo a roubá-la ao namorado, que curiosamente se chamava Tony.

Não, não foi bem assim. Ela tinha uma relação com um rapaz, que tinha o mesmo nome que eu, mas quando começámos a namorar ela já tinha terminado com ele. A Fernanda é uma mulher séria. Trocou Tony por Tony…

Dois meses depois já viviam juntos.

Foi tudo normal. Não me vou alongar muito sobre o assunto.

Trinta e três anos depois e três filhos. Episódios bonitos e outros nem tanto – igual a tantas vidas, como gosta de dizer. Valeu a pena?

É claro que valeu a pena. É mais do que claro que valeu a pena. Nem que seja por tudo o que fizemos juntos e o melhor que fizemos juntos foi termos tido três filhos maravilhosos, graças a Deus. Como pai, sou, sem dúvida… Dou-lhe um exemplo – cheguei aqui, para esta entrevista, e vieram logo falar-me dos meus filhos, as pessoas daqui, que os conheciam: “São boa gente”. Claro que isto é, por mais que goste de muita coisa na vida, o que está em primeiro, segundo, terceiro, décimo lugar: os meus três filhos. Claro que valeu a pena.

 

«Quero paz à minha volta e que possa trabalhar; e que os filhos façam igual e que a Fernanda faça igual»

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