Toy destroçado no funeral: Cantor recorda o progenitor que morreu aos 95 anos

Esteve a tomar conta do pai em casa durante quatro dias, mas um agravamento no estado de saúde atirou-o para uma cama do hospital. Artista recorda o momento em que se despediu de António Ferrão.

02 Ago 2020 | 9:00
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O cantor Toy está de luto pelo pai, António da Costa Ferrão, um estimado alfaiate, muito respeitado na cidade de Setúbal, que faleceu no dia 19 de julho aos 95 anos de idade. A despedida aconteceu esta quarta-feira, dia 22, no Complexo Fúnebre de Setúbal, e foi com enorme emoção que o cantor disse o último adeus ao seu progenitor, uma pessoa que, em declarações exclusivas à TV 7 Dias, recorda com dor e orgulho, em simultâneo.

António já sofria de demência há algum tempo, tanto que não pode estar presente no casamento do filho, no dia 22 de setembro do anos passado, e esta sua situação clínica era algo que atormentava o cantor. «É muito triste, quando vemos uma pessoa, que sempre teve uma postura de ser um homem direito, sempre bem vestido, era alfaiate, sempre com um orgulho tremendo, e chegar a um ponto na sua velhice que já não se conseguia controlar, perdeu completamente o controlo, não conhecia os filhos, não conhecia ninguém», desabafa. Por este motivo, refere Toy, «é bom que tenha já descansado, sempre foram 95 anos de vida, mas não deixa de ser muito triste.»

Apesar de o pai já não reconhecer os filhos, o artista revela que a despedida foi feita em sua casa, pouco antes do internamento. «Ele estava numa casa de repouso, mas adoeceu.Entretanto foi para minha casa, esteve lá quatro dias, depois voltou a ter uma recaída, não queria comer, não queria tomar a medicação, não queria beber água e foi hospitalizado e entretanto acabou por falecer no hospital», recorda. Para Toy, este tempo em que António esteve em sua casa «foi de certa forma uma despedida. Porque o tê-lo ajudado a alimentar-se, a transportá-lo no meu colo do quarto para a sala e da sala para o quarto, estar perto dele, tentar chamar à atenção, tentar falar com ele. Foi a despedida possível.»

Apesar de estar a passar por um momento muito doloroso, o cantor não descurou os seus compromissos na TVI e, no dia após o falecimento do seu pai, Toy esteve presente no Extra do Big Brother, onde fez questão de prestar mais uma homenagem ao progenitor: «Estou aqui para fazer um trabalho. Hoje não é propriamente um dia muito fácil para mim, o meu pai ontem deixou-nos. Estou hoje [em baixo], mas tenho a certeza que ele gostaria muito que eu continuasse a trabalhar porque foi sempre um homem que me indicou, educadamente, que devemos trabalhar na vida e devemos fazer o melhor possível. Portanto, peço desculpa por dizer isto, mas tinha que ser dito até em homenagem ao grande homem que foi o António Ferrão».

Orgulho no pai e avô que foi

Desafiado a partilhar com a TV 7 Dias as melhores recordações que tem do seu pai, Toy não hesitou, lamentando apenas o facto de ter «tanto para dizer que nem sei por onde começar».

Por este motivo, o cantor escolheu dividir as suas memórias em quatro partes. «A minha infância, onde foi um pai presente, com regras, acompanhamento na adolescência, com liberdade não muito natural para um homem, enfim, já com alguma idade, de um tempo mais antigo. Ele ensinou-me os primeiros acordes na guitarra», começa por recordar, passando de seguida para «a fase do pai presente quando comecei a ser independente, a fazer a minha de casado, o pai avô dos meus filhos, também sempre presente, a ajudar-me na educação sempre com aquela dignidade, a querer mostrar a tudo e a todos que era realmente um bom pai e um bom avô.»

A terceira fase que Toy recorda remonta a «um pai envelhecido com falta já da minha mãe, que faleceu mais cedo. Nunca deixou de estar connosco.» Por fim, a última fase foi para Toy «a mais triste de todas, que é quando ele perde, através da demência, a noção, o conhecimento. Mantém, fisicamente, alguma postura, mas vai perdendo, aos poucos, a sua capacidade intelectual até que a perdeu toda nos últimos tempos. Penso que é a partir daí que começa a definhar e desenhar o final».

Neste último adeus a António da Costa Ferrão estiveram ao lado do cantor a sua esposa Daniela, a enteada Beatriz, que o cantor trata como filha, a sogra Eduarda Prates e a proprietária da Casa Ermelinda Freitas, Leonor Freitas.

Ano maldito!

Além de Toy, também Isabel Medina está de luto, mas no seu caso pela morte do marido, o realizador Luís Filipe Costa. O também jornalista, considerado como sendo uma das vozes mais marcantes do panorama radiofónico português da segunda metade do século XX, faleceu na madrugada de segunda para terça-feira aos 84 anos. O corpo do marido de Isabel Medina esteve a velar, na quarta-feira, na Sociedade Portuguesa de Autores e no dia seguinte seguiu para o Cemitério do Alto de São João. Quem também está de luto é Luísa Castel-Branco e a filha Inês Castel-Branco pela partida da mãe e avó materna Olga Amélia Pires, de 94 anos.

Foi a apresentadora que, no dia 19 de julho, deu a notícia aos seus seguidores nas redes sociais, com uma emocionante mensagem a acompanhar: «Adeus Mãe. O sofrimento terminou. Sei que gostaste de ver todos os filhos e netos juntos a despedirem-se de ti . Como gostaste destas palavras que as netas escreveram sobre a avó no meio de lágrimas e gargalhadas. Descansa agora em paz. O fim é o princípio e o princípio é o fim».

Textos: Carla Ventura (carla.ventura@impla.pt); Fotos: Arquivo Impala, D.R. e Reprodução Instagram

 

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