Eduardo Moreira foi diagnosticado com uma leucemia tinha pouco mais de um ano. Aos dois, recebeu um primeiro transplante de medula óssea. Esta criança acabou por contrair a chamada Doença do Enxerto do Hospedeiro, uma bactéria no sangue que afeta a imunidade dos órgãos e para a qual não há cura. Mais tarde foi diagnosticado com uma outra patologia, que faz com que tenha os pulmões semelhantes aos de um idoso de 80 anos. A máquina de oxigénio é a sua maior aliada. Toma no mínimo cinco comprimidos por dia e três xaropes.
Foi este menino que quis comoveu Cristiano Ronaldo. Eduardo estava à porta do estádio do Bessa com um cartaz: «Cristiano, dá-me um abraço». O avançado da seleção nacional, que disputa este domingo, a partir das 19h45, a final da Liga das Nações frente à Holanda, mandou parar o autocarro onde seguia a equipa das quinas e cumpriu-lhe o desejo. O gesto ficou registado em vídeo e está a correr mundo.
Eduardo «viveu sempre assim», contou a mãe, Vera Martins, ao jornal O Notícias da Trofa. «Ele não sabe o que é brincar com crianças. Quando, às vezes, vai à escola, acha aquilo uma coisa fora do normal. Os miúdos falam todos muito alto e ele nunca foi habituado a viver como criança», prosseguiu.
O filho tem hoje 11 anos e já lhe disse que preferia morrer a vê-la sofrer. «Havia muitas fases em que o Eduardo dizia: ‘Quero morrer, porque tu estás a chorar por minha causa. Eu não tenho culpa de ser assim. Tu não vais trabalhar, estás doente da cabeça por minha causa’», recordou Vera.
«Pareço um queijo suíço, todo furado»
A vida do pequeno Eduardo é passada entre casa, em São Romão do Coronado, no concelho da Trofa, o Instituto Português de Oncologia e ao Hospital de São João, no Porto, onde leva várias injeções que o ajudam a lidar com as doenças de que padece. «Pareço um queijo suíço, todo furado», conta a mãe, citando o que o filho já lhe disse, bem disposto, sobre os tratamentos que fazem parte do seu quotidiano. Apesar de tudo, o menino garante que as visitas ao IPO são uma alegria, porque é bem tratado e dão-lhe «frango, pizza e sandes de leitão».
Nem quando Vera ouviu uma médica vaticinar que era impossível Eduardo sobreviver, este se deixou levar pela tristeza. «Mãe, é mais uma doença. Se tiver que ir, eu vou. Vamos viver, vamos brincar, vamos fazer tudo o que nós queremos, porque eu hoje estou aqui e amanhã posso não estar», lembrou. «Isto deu-me força», admitiu ainda Vera.
Quer ser Presidente da República
Aos 11 anos, esta criança aproveita todos os momentos do presente, mas a força de viver coloca-lhe o futuro diante dos olhos. Diz que é «bonito, sexy e gostoso» e, quando for grande, quer já estará curado para ser Presidente da República. Assim, poderá, «por menos dias de trabalho e mais dinheiro, ajudar os doentes e os velhinhos e mudar o mundo», contou àquele jornal regional.
«Ter um cão, uma garina gostosa e vários filhos» também são projetos que fazem parte dos seus planos. «Gostava de fazer parkour, para saltar e atravessar as paredes. Antes conseguia andar de bicicleta, agora não», lamenta. «Mas gosto de jogar e conversar com adultos, até demais, de ver vídeos e comer. E ir à casa de banho», ri-se.