Sem saudades nem nostalgia. É assim que Pedro Crispim se despede do seu papel de comentador do “Big Brother”, um ano e três edições depois. “As coisas são vividas no seu tempo. Este foi um projeto muito desafiante, uma autêntica escola a nível de televisão, porque me tirou da minha zona de conforto. Foi muito intenso, nem sempre fácil, cheio de curvas, mas é algo vivido ao seu tempo, e quando acaba, caminhamos em frente”, começa por dizer à TV 7 Dias.
Pedro Crispim não é homem de saudosismos, no entanto esta é uma experiência que leva para vida. “A forma que tenho de ver a vida é caminhar a olhar em frente. Aquilo que aconteceu serve‑me de estrutura e foi um projeto que me acrescentou muita bagagem, mas é só isso que eu levo. O resto fica no seu lugar.”
Na hora de eleger a sua edição favorita, o comentador não tem dúvidas. “O ‘BB 2020’, sem sombra de dúvida! Foi o meu primeiro projeto a nível de reality show, marcou pela diferença a todos os níveis. E, claro, a apresentação! O Cláudio [Ramos] foi uma lufada de ar fresco. Acho que a dinâmica dos comentadores também foi muito diferenciada. Ali, eu saboreava o facto de estar a fazer televisão, com a consciência de que estávamos a entreter as pessoas”, afiança.
E sublinha: “Era o início da pandemia e essa consciência de que tinha de ajudar a entreter as pessoas foi o motor do meu percurso, tinha de levar alguma cor e alguns sorrisos, porque o Mundo estava virado do avesso. Este ‘Big Brother’ vai marcar‑me para sempre e é o que levo mais no coração.”
Nem só de coisas boas se fez este percurso, no entanto o saldo é positivo. “Este papel fez‑me crescer e ir buscar ferramentas que eu nem sabia que tinha. Saio um profissional mais sólido e mais maduro. Mesmo as pedras que foram encontradas no caminho fizeram‑me um melhor profissional. E tive experiências humanas muito positivas e também é isso que faz valer a pena. Porque mesmo nos momentos mais complicados, estando com as pessoas certas torna tudo mais leve.”
Comentários destrutivos nunca condicionaram Pedro Crispim
Foi um dos mais polémicos do rol de comentadores do “Big Brother”, dividiu opiniões e incendiou o programa. Pedro Crispim sabe a importância que teve no formato e não deixa os louros por mãos alheias. “Há quem adore aquela persona televisiva que criei, alocada àquele horário, e há pessoas que não simpatizaram assim tanto. O importante é ter marcado a diferença. Não podemos ser hipócritas e dizer que não fomos importantes para o sucesso do programa”, afiança o stylist.
A figura televisiva que criou dividiu opiniões, porém os comentários destrutivos nunca o condicionaram: “Este programa mexe com muitas pessoas, e nem sempre os comentários que me chegaram foram os mais civilizados e construtivos. Mas isso é também um preço que eu paguei pela persona televisiva que explorei. Nunca pensei na fatura que ia pagar. Não deixo que isso me limite. Se nem o próprio canal me condicionou ou tentou contornar algum comentário, não seria o público a fazê‑lo.”
Pedro Crispim afirma que tudo o que fez foi pensado ao pormenor para servir o propósito do formato. “Têm de perceber que a minha opinião é dada com a noção de que estou a fazer televisão, num programa que é um late night show, onde tudo o que construo tem um fio condutor para solidificar aquela personalidade televisiva”, esclarece.
Ainda sem convites em televisão, Pedro Crispim não está preocupado com o futuro. “Se surgir alguma coisa na televisão, ótimo. Se não, o caminho é feito em frente e estou tranquilo com tudo aquilo que faço fora da televisão.”
Texto: Maria Inês Gomes (ines.gomes@impala.pt); Fotos: reprodução redes sociais
(artigo originalmente publicado na edição nº 1776 da TV 7 Dias)