Cláudia Brito tem 33 anos e vive o momento como se fosse o último. Apesar do sorriso contagiante e da alegria com que encara os percalços, pelos quais vai passando, Cláudia Brito que deu agora cartas em “The Voice Portugal”, não esconde algumas amarguras que marcaram a sua personalidade e forma e viver.
“Aos 14 anos passei por uma fase muito difícil da minha vida e até um pouco traumática porque me foi diagnosticado um tumor numa perna e tive que aprender a lidar com isso. Tenho um tumor benigno, fiz duas cirurgias e tem de ser controlado. Tenho que viver com ele, porque para me retirarem o tumor teriam que retirar o músculo na totalidade. Quando me esforço muito tenho muitas dores, mas já me habituei a conviver com a dor”, refere, recordando o momento inglório que ensombrou a sua adolescência. “Não foi fácil, chorei muito e fui-me muito abaixo, tanto eu como a minha família. Encontrei na música um refúgio. ”
Na música, encontrou também uma forma de expressão e força para seguir em frente, até ao momento em que o destino voltaria a sufocá-la. “Vivi os incêndios de 2017 na primeira pessoa. Estava em Côja, concelho de Arganil, na casa dos meus pais quando tudo aconteceu”, atirou, sublinhando o pesadelo que viveu: “Foi horrível, nunca vivi um momento tão aflitivo e desesperante. Vivemos tudo numa noite, foram horas de aflição numa intensidade tremenda. Ficámos cercados e fiquei sem saber de uma irmã durante 12 horas. Desde as 7 da noite às 7 da manhã, não tive qualquer noticia dele e as últimas palavras que ouvi dela foi quando ligou a pedir ajudar. Ela pedia por socorro e dizia que quem estava na aldeia onde vive ia morrer. Eles estavam completamente cercados pelo fogo. Doze horas depois tive notícias da minha irmã através de um cunhado que é bombeiro”, disse recordando o alívio que sentiu na altura.
“Não perdemos vidas diretamente ligadas connosco, mas perdemos alguns bens, como a casa dos meus avós paternos que ardeu, e ainda está em ruínas, assim como vimos pessoas conhecidas que, infelizmente, perderam a vida e outras os seus bens”, concluiu.
Pandemia deixa-a sem trabalho
Decorria o ano de 2012 quando integrou o grupo musical Função Públika, do qual ainda faz parte. Desde então que vive da música, até que a pandemia fez com que a maior parte dos músicos perdessem a sua fonte de rendimentos. Cláudia Brito não é a exceção.
Por essa razão decidiu concorrer ao “The Voice Portugal”. “Canto já há muitos anos, era a minha profissão mas com a pandemia fiquei sem trabalho e tive que arranjar um outro trabalho como lojista. Decidi aproveitar esta fase menos boa da minha vida de forma positiva. Quero aproveitar o programa para trabalhar em algo meu, a solo e em português, dentro do Fado.”
Texto: Telma Santos (telma.santos@impala.pt); Fotos: Divulgação